Pressão dos médicos por reajuste dos planos de saúde começa com paralisação na ginecologia

Rodízio – De hoje, quinta-feira (1), até o próximo sábado (3), os obstetras e ginecologistas não atenderão pacientes de planos e seguros de saúde. A interrupção no atendimento faz parte de uma manifestação dos médicos do estado de São Paulo para pressionar as operadoras a negociar reajustes dos repasses de consultas e procedimentos feitos.

No restante do mês, de forma escalonada, outras especialidades médicas também suspenderão o atendimento. A paralisação será apenas para consultas eletivas (marcadas com antecedência). Atendimentos emergenciais não terão nenhuma alteração, segundo a categoria.

Segundo o Movimento Médico, formado pela Associação Paulista de Medicina (APM), pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), o valor aceitável de repasse por consulta médica é R$ 80. Atualmente a média de pagamento por atendimento é R$ 27. Dados apresentados pelas entidades mostram que na última década o valor pago aos especialistas subiu 44%, enquanto os reajustes dos planos ao consumidor chegaram a 133%.

O protesto é contra os planos e seguros saúde: Ameplan, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Intermédica, Notredame e Volkswagen. Outras operadoras, que inicialmente foram indicadas para suspensão, aceitaram negociar e foram retiradas do cronograma de paralisações.

O Movimento Médico programou as seguintes interrupções para este mês: otorrinolaringologistas, nos dias 8 a 10; pediatras, de 14 a 16; ortopedistas e traumatologistas, de 19 a 20; pneumologistas e tisiologistas, 21 a 23; e cirurgiões plásticos, de 28 a 30. A APM informa que, se não houver acordo com as empresas e operadoras, esse sistema de paralisações vai continuar por tempo indeterminado.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que agrega 1.417 operadoras de planos de saúde em todo o Brasil, informou que suas afiliadas estão entre as que pagam os maiores honorários aos médicos.

Segundo a Federação, o reajuste das consultas médicas variou, de 2002 a 2010, entre 83,33% e 116,30%, valor bastante acima do declarado pelo Movimento Médico.

Já a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) declarou que não faz parte de suas atribuições discutir remuneração a prestadores de serviços, sejam médicos, hospitais ou laboratórios, e que não participa das decisões entre prestadores de serviço e operadoras de planos de saúde. De acordo a Ambramge, a negociação é livre e deve ser feita entre as partes.