Conto da carochinha – Quando Luiz Inácio da Silva, em dezembro de 2008, pediu para que os brasileiros mantivessem o consumo em níveis elevados, como forma de minimizar os efeitos da crise financeira internacional, estava claro que algo errado aconteceria no futuro. Na ocasião, os jornalistas do ucho.info engrossaram os discursos contra o apelo presidencial, mas como tantos profissionais da imprensa foram acusados de torcer contra o Brasil. Não se trata de torcer contra o País, mas de antecipar as mazelas resultantes de ato tão populista e irresponsável.
Como se não bastassem o endividamento recorde das famílias brasileiras e o alto índice de inadimplência, a inflação encontrou terreno fértil na seara do consumismo, que ainda domina a cena nacional na esteira do crédito fácil e irresponsável. O governo federal comemorou o ingresso de quase 40 milhões de brasileiros na classe média, o que se deu longe do crescimento do poder de compra, mas o fantasma da inflação voltou a atormentar o cotidiano dos que vivem no País.
Medido pelo IBGE e considerado pelo governo federal como o indicador oficial de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltou de 0,16%, em julho, para 0,37% em agosto, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (6). Com esse cenário, o IPCA já registra 4,42% no ano e, nos últimos doze meses, 7,23%, maior patamar desde 2005 e índice acima do limite definido pelo governo para a inflação (6,5%). O centreo da meta é de 4,5% ao ano e prevê variação de dois pontos percentuais para cima e para baixo.
Entre os principais ingredientes que impulsionaram a inflação, merecem destaque os alimentos e a habitação. O grupo de alimentos, após registrar deflação de 0,34% em julho, teve alta de 0,72% na oitava parcial do ano, impulsionado pelo aumento do preço da carne (1,84%). O setor de habitação registrou alta de 0,32%, resultado do preço médio dos aluguéis, que ficou 1,06% mais caro. O vestuário, que registrou inflação de 0,10% em julho, saltou para 0,67% em agosto.
Para estocar seus adversários políticos, Lula da Silva, tão fanfarrão quanto messiânico, abusou do bordão “nunca antes na história deste país”, tese que tem se confirmado nos últimos meses. Mesmo assim, a presidente Dilma Rousseff custa a admitir que é amaldiçoado o espólio do seu antecessor.