BC não é independente e previsões sobre a inflação contrariam as expectativas do mercado

Discurso estranho – Há algo incoerente na fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Uma semana após o Comitê de Política Monetária, o Copom, ter reduzido a taxa básica de juro em meio ponto percentual – passou de 12,5% para 12% ao ano – o BC divulgou na quinta-feira ata em que afirma que o ciclo de alta da inflação está chegando ao fim. Mas não é exatamente esse cenário que se constata no cotidiano, pois os preços continuam subindo.

A decisão do Copom de reduzir a Selic foi emoldurada por críticas de diversos segmentos da sociedade, para quem o BC foi pressionado pelo Palácio do Planalto, que já não sabe o que fazer em relação à inflação, principal ingrediente da herança maldita deixada pelo messiânico Luiz Inácio da Silva. Tombini tem afirmado que o Banco Central é independente, mas não é essa a realidade. Fosse sua afirmação verdadeira, não caberia à Presidência da República indicar e demitir o presidente da autoridade monetária do País.

A afirmação de que o ciclo do maior fantasma da economia está chegando ao fim contraria as expectativas dos analistas do mercado financeiro, que tem puxado para cima as expectativas de inflação para 2012. De acordo com o BC, no próximo ano a inflação ficará dentro da meta estabelecida pelo governo federal, que é de 4,5%. Profecia idêntica foi feita pelo BC em relação à inflação para 2011, que deve encerrar o ano beirando o teto da meta, que é de 6,5%. E em 2012 a situação não deve ser diferente, avaliam os especialistas, pois o cenário da economia mundial não é animador.