Defesa dos acusados no “Mensalão do PT” abusa das inverdades e tenta transformar o caso em ópera bufa

Querubins barrocos – As recentes manifestações de alguns acusados de envolvimento no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT” provam que o processo, que tramita no Supremo Tribunal Federal, ainda não prescreveu, como antecipou o ucho.info.

O primeiro pronunciamento polêmico foi da defesa do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, que pode ser classificado como contraditório. Acusado de ser uma das peças-chave do maior escândalo de corrupção da história política nacional, Marcos Valério, através de seus advogados, garante que o “Mensalão do PT” é uma “criação mental” da acusação. No contraponto, o acusado de ser o operador do “Mensalão” afirma que a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal não levou em consideração os interessados no esquema de cooptação de parlamentares, que recebiam mesadas regulares em troca de apoio ao governo de Luiz Inácio da Silva.

“É raríssimo caso de versão acusatória de crime em que o operador do intermediário aparece como a pessoa mais importante da narrativa, ficando mandantes e beneficiários em segundo plano, alguns, inclusive, de fora da imputação, embora mencionados na narrativa, como o próprio ex-presidente Lula”, afirmou a defesa de Marcos Valério. Ou seja, o publicitário, que é um dos 38 acusados de envolvimento no escândalo, sugere que o “Mensalão do PT” é uma invenção do Ministério Público Federal, mas ao mesmo tempo quer que Lula da Silva seja arrolado no processo.

Esse tipo de conduta já era esperado, pois só assim os advogados dos acusados poderão esticar o processo rumo à prescrição. Ex-tesoureiro do PT à época do escândalo de corrupção de parlamentares, Delúbio Soares também abusou da bazófia ao se defender no processo. Ao STF seus advogados alegaram que Delúbio é “pobre” e vive com “simplicidade”. “Homem desprendido, Delúbio vive com simplicidade, é pobre, a despeito dos tantos milhões que passaram por suas mãos. Por isso mesmo, goza de imenso respeito entre os que compartilham suas posições políticas”, afirmaram os advogados Arnaldo Malheiros Filho e Celso Sanchez Vilardi.

A alegação da defesa de Delúbio Soares cai por terra facilmente, pois Arnaldo Malheiros Filho integra o rol dos mais caros advogados do País. E sabe-se nos bastidores da advocacia criminal que não há um cristão que trabalhe por ideologia ou diletantismo. Fora isso, Delúbio Soares mantém a peso de ouro um publicitário que vive na cidade de São Paulo e atua como seu assessor de imprensa e “ghost writer”. Em outras palavras, Delúbio Soares está a anos-luz de ser pobre.

Sem falar com a imprensa desde que foi acusado de participação no escândalo do “Mensalão”, o ex-deputado José Genoino Neto, que à época dos fatos era presidente do Partido dos Trabalhadores, também se diz inocente. Nas alegações finais apresentadas ao Supremo, seus advogados afirmaram que “a única personagem que tenta de alguma forma incriminar José Genoino é o pai da mentira, Roberto Jefferson Monteiro Francisco”. Em outras palavras, o PT é uma reunião de monges inocentes e Lula conseguiu um apoio avassalador no Congresso apenas porque se apresentava como a versão moderna e tropical de Messias.

Atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, a qual presidiu durante dois anos, o petista João Paulo Cunha rasgou as desculpas dadas no passado e, nas alegações finais apresentadas por seus advogados ao STF, afirmou ser inocente. Cunha alega que o Ministério Público o acusa sem provas. Quando o escândalo veio à tona, João Paulo Cunha justificou de forma chicaneira a ida de sua mulher, Márcia Milanésia da Cunha, à agência do Banco Rural, em Brasília. O deputado petista disse que Márcia fora à agência bancária para quitar faturas de televisão a cabo da residência oficial do presidente da Câmara. Como a desculpa não convenceu, João Paulo, meses mais tarde, declarou que o dinheiro recebido fora utilizado para a contratação de pesquisas eleitorais na cidade de Osasco. Para dar ares de veracidade à sua fala, o parlamentar apresentou notas fiscais, as quais fizeram com que muitos torcessem o nariz. Agora, como seus companheiros de esquema, João Paulo Cunha é mais um a engrossar a fila dos inocentes.

Resta ao povo brasileiro pressionar o Judiciário de forma ininterrupta para que o “Mensalão do PT” não caia na vala do esquecimento, pois o esquema montado a partir do Palácio do Planalto serviu para custear os primeiros capítulos de um projeto de poder criminoso e totalitarista.