Explicações sobre a não criação de imposto específico para a Saúde colocam Lula em saia justa

Sem saída – Com a Emenda 29, que define os valores a serem investidos na saúde pela União, estados e municípios, programada para votação ainda em setembro, na Câmara dos Deputados, a presidente Dilma Rousseff disse ser contrária à criação de um novo imposto para financiar o setor. Pelo menos nos próximos doze meses, pois o Palácio do Planalto não quer que uma medida tão impopular reflita nas eleições municipais de 2012.

Em mais uma declaração oficial, Dilma se contradisse e colocou em má situação o seu antecessor, o messiânico Luiz Inácio da Silva. Afinal, a presidente classificou como “engodo” a CPMF. Quando o Congresso Nacional decidiu colocar em discussão o fim da CPMF, o então presidente Lula colocou em ação a tropa de choque do governo, com o objetivo de prorrogar a validade da malfadada contribuição que ficou conhecida como “imposto do cheque”, mas que na verdade incidia sobre todas as transações financeiras. E na ocasião Dilma Rousseff estava à frente da Casa Civil.

A petista Dilma tem razão ao afirmar que a CPMF não passou de um “engodo”, pois foi criada para financiar a saúde, mas o dinheiro acabou pagando outros compromissos do governo federal. Falar em engodo é um desrespeito ao médico Adib Jatene, então ministro da Saúde, que sugeriu a criação do IPMF, com o fim específico de financiar a saúde pública, o que aconteceu de forma mínima e vergonhosa. Mas o pior é que Lula da Silva quis, a todo custo, dar sobrevida a esse tal engodo.

Meses antes de tentar prorrogar a validade da CPMF, Lula disse a quem quisesse ouvir que a saúde pública no Brasil estava a um passo da perfeição. É fato que todos sabiam que se tratava de uma sonora e monumental mentira, mas essa afirmação serviu como plataforma para a derrubada da CPMF. Com o fim do nefasto imposto travestido de contribuição, o ex-metalúrgico encontrou uma explicação para a situação cambaleante da saúde no País.

Incumbido pela presidente Dilma Rousseff de anunciar que um novo imposto para financiar a saúde não será criado tão cedo, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou aos jornalistas, na segunda-feira (12), que o máximo que será feito para aliviar o caos no setor é uma melhor gestão do dinheiro público. Algo óbvio e que já deveria estar em prática, mas que na era Lula foi criminosamente esquecido.