Prática conhecida – Deputado federal licenciado, Gastão Vieira (PMDB-MA) assumiu o cargo de ministro do Turismo na última sexta-feira (16). No linguajar político, Gastão, um fiel membro do grupo político que manda no Maranhão há mais de 40 anos, dormiu deputado e acordou ministro.
A conversa com a presidente Dilma Rousseff, que sacramentou a indicação, aconteceu às 23 horas da última quarta-feira, depois de uma articulação que passou pelo senador e presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), e pelo líder da bancada peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Advogado por formação, Gastão Vieira, 65 anos, está no quinto mandato parlamentar, tendo se especializado em política educacional. Foi secretário da Educação e Planejamento graças à sua obediente relação com a governadora Roseana Sarney (PMDB).
Sempre acalentou o sonho de ser ministro, mas da Educação. Na primeira oportunidade embarcou no projeto do Ministério do Turismo. E na mesma rapidez apareceram as primeiras denúncias contra o novo ministro, que não possui nenhuma intimidade com as suas novas tarefas.
Ainda como secretário de Planejamento, integrantes do próprio grupo político acusaram Gastão Vieira de ter provocado um rombo no orçamento estadual. Teria comprometido toda a receita maranhense, inviabilizando a máquina administrativa. O governo chegou ao final do ano de 2010 sem dinheiro em caixa e teve de pedir empréstimos junto ao Banco do Brasil para pagar o décimo terceiro salário do funcionalismo, segundo contou o jornalista Luís Cardoso.
A última das denúncias atinge a família do ministro. Ainda no exercício do mandato parlamentar, em abril passado, Gastão Vieira garantiu a nomeação do próprio genro no quadro temporário da Câmara dos Deputados. André Bello de Sá Rosas Costa é ocupante de Cargo de Natureza Especial (CNE) 12.
Enquadrado na função de assessor técnico adjunto “C” no Departamento de Comissões, André Bello recebe um salário bruto de R$ 4,4 mil. A nomeação caracteriza-se como nepotismo, o que é proibido em qualquer nível da esfera pública.
Segundo a última edição da revista “IstoÉ”, Gastão foi acusado de nepotismo ao empregar a filha Lycia Maria Vieira como funcionária comissionada em seu gabinete. Ela foi exonerada depois que o STF proibiu a prática.
Quando secretário de Roseana, Gastão também empregou parentes na administração estadual. E, depois, os levou para Brasília. O genro Ricardo Lins, seu braço direito, foi nomeado assessor do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência. O atual ministro também indicou o sobrinho Danilo Furtado como assessor especial do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Com ajuda do tio, Furtado conseguiu ainda um assento no Conselho Fiscal da Eletrobras.