Marcha Contra a Corrupção engloba protestos contra o voto secreto e validade da Ficha Limpa

Salve geral – A segunda edição da Marcha Contra a Corrupção, convocada por meio de redes sociais e blogs, colocou milhares cidadãos nas ruas e avenidas de diversas capitais. Em Brasília, pelo menos 20 mil pessoas participaram da manifestação na quarta-feira (12), feriado de Nossa Senhora Aparecida. No total, 25 cidades, de 18 estados, foram convocadas pela rede mundial de computadores. Segundo os organizadores, a ideia é criar uma ONG contra a corrupção.

Na capital federal, que concentrou o maior número de pessoas – entre 7.000 e 10.000, segundo estimativas da Polícia Militar – os manifestantes inseriram na manifestação, realizada na Esplanada dos Ministérios, novas bandeiras, como o fim do voto secreto no Senado e na Câmara, apoio à Lei da Ficha Limpa, com validade já para 2012. E até o Judiciário não escapou do protesto. Manifestantes lembraram que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve ter amplitude para apontar falhas e crimes praticados por juízes.

De acordo com um dos líderes do Movimento Contra a Corrupção (MCC), Walter Rodrigues, o objetivo é que as manifestações adquiram caráter nacional. Na próxima semana, será discutida a possibilidade de transformar o MCC em ONG. “Vamos fazer uma videoconferência com os representantes das cidades na próxima quarta ou quinta-feira para discutir como nacionalizá-lo”, disse.

Capitais

Em São Paulo, a marcha se concentrou novamente na Avenida Paulista, iniciada em caminhada a partir do Museu de Arte de São Paulo (Masp) por volta das 14h. Estimativas da Polícia Militar apontavam para a presença de 2 mil pessoas. Durante a mobilização, um homem foi preso por suspeita de quebrar o vidro de uma lanchonete e de um banco. Na Rua da Consolação, um grupo de punks com máscaras e panos enrolados no rosto partiu para cima de outros manifestantes e da imprensa. No tumulto, uma mulher de 64 anos cortou o queixo ao cair na calçada. No Rio de Janeiro, 2 mil pessoas caminharam pela orla de Copacabana, na Zona Sul, segundo a Polícia Militar.

Belo Horizonte – a manifestação se concentrou na Praça da Liberdade, região nobre da cidade e próxima à antiga sede do governo estadual. Segundo a PM, 200 pessoas apareceram. Manifestantes pediram ainda o imediato julgamento dos acusados de crimes no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT” e a devolução aos cofres públicos de dinheiro comprovadamente desviado por políticos corruptos.

Goiânia – onde o governo contabilizou cerca de 1,2 mil pessoas, a marcha atraiu estudantes universitários, professores, profissionais liberais e donas de casa. A maioria foi vestida de preto e percorreu 4 km no centro da cidade.

Curitiba – cerca de 500 pessoas partiram da Universidade Federal do Paraná (UFPR) até ruas do Centro Histórico e foram até o Centro Cívico. Estudantes mascarados se misturaram com aposentados, caras-pintadas e ativistas. Não havia sequer uma bandeira de partido político. Durante a passeata, alguns moradores jogaram água nos manifestantes.

Salvador – a marcha percorreu o circuito Barra-Ondina, famoso por receber os trios elétricos durante o Carnaval. Cerca de 800 pessoas apareceram com bandeiras, apitos, narizes de palhaço e caras pintadas. Entre jovens e crianças, foram vistos também juízes e advogados.
Recife – a marcha levou cerca de 300 pessoas à Avenida Boa Viagem, ao som de “apitaço” e palavras de ordem. Várias mães aproveitaram o feriado, quando também se comemora o Dia das Crianças, para levar os filhos pequenos.

Fortaleza – trios elétricos animaram a caminhada ao som de canções engajadas como “Brasil”, de Cazuza, e “Para Não Dizer que Eu Não Falei de Flores”, de Geraldo Vandré. Na capital cearense, estudantes expressavam revolta contra o que ficou conhecido como “escândalo dos banheiros”, esquema de desvio de dinheiro destinado a construção de banheiros populares que, segundo o Tribunal de Contas do Estado, chegou a um rombo de R$ 16 milhões.

João Pessoa – o público se concentrou no Busto de Tamandaré, e caminhou pela orla da praia. A mobilização foi organizada por entidades locais ligadas à advocacia e à imprensa. Com informações do G1.