Para salvar a economia, Copom deve reduzir a Selic mais uma vez, mas pode alimentar a inflação

Tiro pela culatra – Após participar do encontro dos ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais do G20, que terminou no último sábado (15) em Paris, Guido Mantega afirmou que a crise internacional já atinge alguns países emergentes, mas alegou que o Brasil ainda não foi afetado porque não é totalmente dependente do mercado externo. Um discurso que não convence, pois o Brasil é um grande exportador de commodities, principal sustentáculo da balança comercial. A China, um dos principais compradores das commodities internacionais, é o país emergente que mais sente a crise global.

Para contrapor as palavras do próprio ministro Guido Mantega, o mercado financeiro brasileiro aposta em nova redução da taxa básica de juro (Selic). Com reunião marcada para terça-feira (18), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) pode decidir por um corte de até meio ponto percentual da Selic, atualmente fixada em 12% ao ano. Se confirmadas as expectativas dos analistas, a redução da taxa de juro deve ser um motivo a mais para a inflação continuar assustando os cidadãos, a exemplo do que aconteceu no período pós-ditadura, quando o maior fantasma da economia era a manchete do dia.

Com a eventual decisão do Copom de reduzir a Selic ficará clara a ingerência do Palácio do Planalto no Banco Central, algo que não aconteceu nos últimos quinze anos. Fora isso, a medida conformará que o governo federal quer colocar sobre o dorso do consumidor interno a responsabilidade de salvar a economia. Essa fórmula adotada pela presidente Dilma Rousseff foi usada por Luiz Inácio da Silva a partir do final de 2008 e provocou o endividamento recorde das famílias brasileiras e o crescimento da inadimplência.