Andando de lado – O líder do PSDB no Senado Federal, Alvaro Dias (PR), não se convenceu da inocência do ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., após o depoimento na Casa, na tarde desta quarta-feira (19). “Não há como convencer quando os fatos são contundentes. Quando uma ONG que recebe R$ 28 milhões com certidões que são fornecidas pelos próprios parentes dos integrantes dessas ONGs, com empresas que fornece produtos de parentes desta mesma ONG. Enfim, há uma relação de promiscuidade entre o ministério (Esporte) a ONG e as empresas fornecedoras. Sobretudo sobre a afirmação de que algumas empresas são fantasmas, que nada fornecem. Há ONGs que receberam recursos públicos e não os aplicaram e forneceram notas frias. Eu creio que a Polícia Federal terá facilidade em encontrar documentação.”
Orlando Silva, repetitivo, disse que houve uma farsa. Exigiu que os recursos desviados pele ONG do policial militar João Dias Ferreira sejam devolvidos. E repetiu ainda, que “não houve, não haverá provas” de irregularidades. Impetrará ação de difamação contra o delator. “Onde estão as provas? Cinco dias se passaram e eu faço o mesmo questionamento”, disse Silva.
Na opinião do senador da oposição, tem de haver investigação e busca pela responsabilidade dos fatos. “Há favorecimento explícito. O partido político, coincidentemente do ministro, tem organizadores de ONGs no Brasil que recebem milhões de reais. É evidente que isso tem que ser investigado e tem que haver responsabilização.”
Questionado se há provas materiais das irregularidades, Alvaro Dias conta que são fornecidas pelo próprio delator, João Dias Ferreira. “Quando o denunciante é acusado de favorecimento há uma auto-acusação, se o ministério o acusa é auto-acusação. Portanto, a materialidade do ilícito praticado está exatamente nas ONGs do próprio denunciante. Em relação a provas materiais, cabe a Polícia Federal, ao Ministério Público buscá-las. Os caminhos estão apontados, as irregularidades existem. Há favorecimento explícito. Um partido político organiza ONGs para receber recursos públicos. E recursos públicos volumosos”, explica.
Quanto ao status do ministro de negociador com a FIFA, na seara de assuntos referentes à Copa do Mundo de 2014, o senador foi enfático. “Em relação à Copa do Mundo nós temos que buscar credibilidade. As parcerias estão sobre suspeição. Na CBF, o presidente é alvejado por denúncias no Brasil e no exterior. E agora, o Ministério dos Esportes, que é o parceiro público também contaminado por essas denúncias. O Brasil perde credibilidade e compromete o projeto da Copa do Mundo 2014”, destaca o senador.
Em relação ao soldado da Polícia Militar do Distrito Federal, João Dias Ferreira, o parlamentar esclarece que o mesmo deverá prestar esclarecimentos. “Ele tem que vir e ser questionado duramente. Ele denunciou e terá que ser questionado sobre as denúncias que apresentou. O Congresso tem que ser isento. Ele não pode ser parcial, tem que ouvir os dois lados. O Senado agiu mal ao rejeitar o requerimento que convidava João Dias aqui falar. Afinal, se o ministro é ouvido, quem denuncia também deve ser ouvido”.