Preocupação com demanda – A evolução da produção industrial no Brasil diminuiu 6,3 pontos na comparação entre setembro e agosto, segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A produção foi de 48,6 pontos em setembro, contra 54,9 em agosto. De acordo com a CNI, o recuo foi maior entre as grandes empresas (mais de 500 empregados).
O indicador da Sondagem Industrial varia em uma escala que vai de 0 a 100. Valores acima de 50 são considerados positivos. A sondagem apurou informações com 1.737 empresas de todo país entre 3 e 18 de outubro. O boletim ainda informa que a indústria – apesar da redução da produção – ainda mantém um nível de estoque alto (50,9 pontos), quase um ponto acima do verificado em janeiro deste ano.
Os empresários têm uma forte preocupação com a falta de demanda. Para mais de 24% das pequenas empresas, a falta de demanda é um dos principais problemas enfrentados no último trimestre. O percentual é de 26,2% entre as grandes empresas. Apesar dos indicadores negativos de produção, demanda e estoque, a expectativa dos empresários é que o número de empregos se mantenha estável nos próximos seis meses.
Há razões estruturais e conjunturais para o pessimismo dos empresários. Em termos conjunturais, preocupa as dificuldades de aceso ao crédito, os juros ainda elevados e o real muito valorizado. Apesar da queda verificada desde agosto na cotação do dólar, para a CNI, o câmbio continua muito apreciado. “Até agora, [a queda do real frente ao dólar] não teve efeito na curva de valorização [da moeda norte-americana] que vem desde 2004”, disse Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa da CNI.
O otimismo entre os empresários industriais é “cada vez mais restrito”, avaliou o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo Azevedo durante a apresentação da Sondagem Industrial.
Entre os problemas estruturais, os empresários queixam-se da elevada carga tributária. Segundo a sondagem, a queixa contra a carga de impostos, taxas e contribuições é maior entre os pequenos empresários (66,7 pontos) do que entre os grandes (50,8 pontos).
Mesmo com as reclamações, ainda são positivas as expectativas quanto à manutenção dos atuais empregos, do nível de exportação e da situação financeira das empresas.