A menos de três anos da Copa, aeroportos são o cenário ideal para a promessa e a incompetência

Luz vermelha – É notório que a FIFA não é uma reunião de monges e muito menos dita regras favoráveis aos países que abrigam eventos futebolísticos mundiais e continentais, mas o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, estava coberto de razão quando, por ocasião do anúncio do Brasil como sede da Copa de 2014, externou sua preocupação com o caos que impera nos aeroportos brasileiros.

Considerado pelo então presidente Luiz Inácio da Silva como um intruso, Valcke foi chamado, indiretamente e por vias transversas, de “idiota”. Acontece que o cotidiano dos aeroportos brasileiros tem mostrado que a aludida idiotice de Valcke é obra da esquerda tupiniquim.

Desde então, o Palácio do Planalto, por intermédio de Lula e Dilma Rousseff, tem prometido investimentos bilionários nos aeroportos nacionais, com o objetivo de evitar um mal maior durante a Copa do Mundo de 2014. Porém, quem faz uso de aviões comerciais para circular pelo Brasil logo percebe que não será preciso aguardar mais três anos para conferir o caos reinante no setor aéreo.

Na quinta-feira (10), um leitor gastou quarenta minutos uma viagem aérea entre os aeroportos, Afonso Pena, em Curitiba, e Congonhas, em São Paulo. Nada de extraordinário, pois é esse o tempo previsto para o voo entre as duas cidades. Já no aeroporto da capital paulista, o leitor foi obrigado a esperar trinta minutos, diante da esteira, pela chegada da bagagem. Quando a entrega de uma bagagem demanda o equivalente a 75% do tempo de uma viagem, não há como negar que existe uma enxurrada de erros nos aeroportos.

Outro assunto preocupante em muitos dos aeroportos é a falta de locais para o embarque e desembarque de passageiros. Cada vez mais essas operações ocorrem remotamente (fora dos fingers ou pontes de embarque), mas a Infraero não disponibiliza nos aeroportos ônibus em número suficiente para atender à demanda.

Não faz muito tempo, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, disse que o Brasil era sério candidato a protagonizar um fiasco durante a Copa do Mundo. Mesmo depois de convidado pela presidente Dilma Rousseff para fazer as vezes de embaixador do Brasil para a Copa, o ex-camisa 10 do Santos Futebol Clube continua preocupado, desta vez com um discurso mais moderado.

Enquanto isso, a melhoria de muitos aeroportos e a privatização de outros continuam bambeando entre o discurso e o papel. Como disse certa feita um conhecido filósofo de botequim, “nunca antes na história deste país”.