Presidente do PT chama a oposição de canalha, mas esquece a canalhice que marcou o caso Celso Daniel

Face lenhosa – Encurtada por causa do feriado prolongado da Proclamação da República, a semana deve começar com uma polêmica discussão na política brasileira. Longe dos escândalos de corrupção que sacodem o governo de Dilma Rousseff, os políticos freqüentadores de Brasília terão, a partir de quarta-feira (16), um assunto para engrossar o palavrório. As recentes declarações de dirigentes petistas aos participantes do 2º Congresso da Juventude do PT.

Ex-chefe da Casa Civil, deputado federal cassado e réu no escândalo que ficou conhecido como “Mensalão do PT”, José Dirceu de Oliveira e Silva criticou de forma enfática o que classificou como “luta moralista contra a corrupção”. O ex-comissário palaciano se referiu à pressão exercida pelos partidos de oposição contra os escândalos que tomam conta da Esplanada dos Ministérios.

Posando como paladino da moralidade, José Dirceu não pensou muito para dizer “nossa luta tem que remontar o passado. Nas duas vezes em que houve lutas moralistas contra a corrupção deu no Jânio e no Collor, um renunciou e o outro sofreu impeachment”. O mensaleiro Dirceu não tem moral para falar sobre os escândalos que marcaram a era Collor, pois anos após pressionar pela saída do então presidente da República, o PT agora conta com o apoio do senador pelo PTB de Alagoas.

Na opinião de José Dirceu, o objetivo da pressão oposicionista é desestabilizar o governo de Dilma Rousseff, o que ele condena. Enquanto este na oposição, o PT sempre se valeu da estratégia que Dirceu ora critica. A de desestabilizar os ocupantes do poder. Tanto é assim, que Lula falou inúmeras vezes no enfadonho governo paralelo, algo que não saiu do discurso.

Como se não bastasse, o próprio José Dirceu, que se opõe às denúncias de corrupção, disse, por ocasião do escândalo dos “Anões do Orçamento”, que para cassar um mandato bastavam evidências, não provas. O ex-deputado, que fez tal declaração no plenário da Câmara, trabalhou pela cassação do mandato do finado Ricardo Fiúza, do PFL de Pernambuco.

Abusando do histrionismo que é peculiar no currículo de nove entre dez petistas, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, chamou de canalhas os que fazem oposição ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. “Quero cumprimentar aqueles que votaram em Agnelo para acabar com aquela corja”, disse Falcão, durante o evento, ao se referir ao grupo político comandado por José Roberto Arruda, que foi ejetado do governo distrital no vácuo da Operação Caixa de Pandora.

É preciso reconhecer como apropriadas as palavras de Rui Falcão, pois canalhice é um assunto que o PT conhece com considerável profundidade. Para quem tem dúvidas sobre o tema, pelo menos um caso é capaz de elucidar o assunto com muita rapidez e precisão. O de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, morto de forma brutal e covarde apenas porque discordou do destino dado ao dinheiro da propina arrecadada pelo PT na rica cidade do ABC paulista.

Confira abaixo os principais trechos das gravações telefônicas do caso, divulgadas à época com exclusividade pelo ucho.info. Em uma delas, o atual ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Ivone Santana tratam a morte de Celso Daniel com frieza e desdém.

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