De volta à cena – Com sua fase mais intensa e preocupante inaugurada pelo galhofeiro Luiz Inácio da Silva, a corrupção está longe de ser extirpada da vida nacional. Para piorar ainda mais a situação, alguns petistas cinco estrelas têm defendido o status quo da corrupção com frases de efeito e discursos inflamados. É o caso do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, o Pedro Caroço, que durante o 2º Congresso da Juventude do PT criticou a “luta moralista contra a corrupção”.
José Dirceu tem o direito de falar o que bem quiser, até porque em tese o Brasil continua sendo uma democracia, mas as denúncias de corrupção que espocam na Esplanada dos Ministérios são a ponta de um iceberg ameaçador. Enquanto os partidos de oposição centram fogo nos escândalos planaltinos, outros desmandos ocorrem do Oiapoque ao Chuí.
Ministro da Fazenda no primeiro governo do companheiro Lula e defenestrado da Casa Civil pela presidente Dilma Rousseff por causa de tráfico de influência e enriquecimento meteórico, o petista Antonio Palocci Filho foi acusado de envolvimento em um caso de corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto. A denúncia tinha como alvo a máfia do lixo que atuava na próspera cidade do interior paulista. O caso só veio à tona por ocasião do escândalo que ficou conhecido como a “República de Ribeirão Preto”, mansão em Brasília que servia de base para petistas ligados a Palocci fazerem negócios e promoverem encontros com mulheres de programa.
Palocci foi acusado de intermediar o repasse de dinheiro da empreiteira “Leão & Leão”, que prestava serviços à prefeitura de Ribeirão Preto, ao caixa do Partido dos Trabalhadores. Apesar de todas as provas e depoimentos, Palocci – acusado de e formação de quadrilha, peculato e falsificação de documento público em razão de contratos celebrados entre a prefeitura de Ribeirão Preto e a empresa Leão e Leão – acabou se livrando do processo, em 2009, por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Contrariando os discursos dos tempos de oposição, o então presidente Lula não se fez de rogado e promoveu a privatização de estradas federais, dentre elas a Rodovia Regis Bittencourt (BR-116), que liga as cidades de Fortaleza, no Ceará, a Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Acontece que a “Leão & Leão”, que jamais se afastou da órbita petista, é responsável pelas obras de dois trechos da BR-116, cuja autopista é gerenciada pela espanhola OHL. Um na altura logo após a cidade de São Paulo, na região do município de Juquitiba, e outro depois de Curitiba.
Esse quadro mostra que há no Brasil muito mais casos para os políticos e a sociedade se preocuparem, que não as gatunagens que acontecem em alguns ministérios em Brasília. Quando o esquema do Mensalão do PT estava para ser implantado, alguns palacianos resistiram à ideia, pois pretendiam adotar o modelo atual, onde os ministérios são comandados por partidos da chamada base aliada, que com a conivência do Palácio do Planalto promovem estripulias, desde que as confusões não venham à tona.
A Constituição Federal é clara ao tratar da presunção de inocência, tema que defendemos com tenacidade, mas é importante lembrar que na política não há coincidências e muito menos monges.