Metrô de SP: tucanos que atuam em Brasília não têm o mesmo pensamento do PSDB paulista

Dois pesos – O que vale em Brasília não vale no estado de São Paulo. Pelo menos é esse o pensamento dos integrantes do PSDB. Por decisão da juíza Simone Casoretti, da 9ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, as obras da Linha 5 do Metrô devem ser paralisadas, assim como o presidente da companhia, Sérgio Avelleda, deve ser afastado do cargo imediatamente “em face de suas omissões dolosas”. Casoretti acolheu pedido do Ministério Público paulista, que ingressou com processo de improbidade administrativa contra o presidente do Metrô. Além de Avelleda, diretores de seis empreiteiras que participam do consórcio responsável pelo prolongamento da Linha 5 do Metrô são processados.

No pedido enviado à Justiça, o MP anexou um laudo que aponta prejuízos de R$ 327 milhões aos cofres públicos, mas Sérgio Avelleda ignorou as alegações do procurador. A obra, orçada em 4 bilhões, reúne 14 empreiteiras, entre elas algumas das maiores do País, como Odebrecht, Mendes Júnior, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. De acordo com o promotor Marcelo Milani houve conluio entre a direção do Metrô e as empreiteiras, situação que ficou clara nas regras do edital de licitação.

O governo de São Paulo, que alega ser injusta a decisão da juíza Simne Casoretti, informou que recorrerá na próxima segunda-feira (21). O governador Geraldo Alckmin (PSDB), em entrevista, disse que o recurso será apresentado para defender o interesse público e que é descabida a paralisação de uma obra tão necessária para a maior cidade brasileira. Alckmin lembrou que a interrupção das obras pode obrigar o governo paulista, em caso de derrota judicial, a pagar indenizações milionárias.

Por sua vez, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos alega que o afastamento de Avelleda é “totalmente descabido”, pois a licitação foi aberta na gestão anterior (Serra-Goldman) e que a decisão de continuar as obras foi tomada por toda a diretoria do Metrô, com base em processo administrativo que não apontou irregularidades.

O importante nesse imbróglio é o PSDB se permitir a um momento de reflexão, pois o mesmo discurso entoado pelos tucanos que atuam em Brasília, exigindo a demissão de ministros supostamente envolvidos em casos de corrupção, deve ser utilizado no Palácio dos Bandeirantes. De nada adianta cobrar a adoção do rigor em escândalos protagonizados na esfera do governo federal, enquanto em São Paulo a situação é diametralmente oposta.

Não se trata de condenar por antecipação o presidente do Metrô, mas de cobrar isonomia no tratamento dispensado aos casos, independentemente de quem seja o alvo da acusação. Até porque, diz a sabedoria popular que chumbo trocado não dói.