Fernando Henrique Cardoso não erra ao criticar o modelo de corrupção que impera na Esplanada dos Ministérios. Tão logo chegou ao Palácio do Planalto, o PT tratou de colocar em marcha um projeto de poder que exigiu o aparelhamento do Estado. Para aplacar a volúpia dos partidos da chamada base aliada, o PT palaciano concordou, apesar de algumas divergências internas, com a criação do esquema que acabou escandalosamente conhecido como “Mensalão”.
A ideia inicial era manter o PT no comando do maior número possível de ministérios e autarquias, enquanto a obediência genuflexa doa aliados políticos era compensada com o pagamento de mesadas. Com a descoberta do escândalo e a ameaça de Lula ser ejetado do cargo, a saída foi lotear a máquina federal, transferindo aos partidos da base a responsabilidade por eventuais escândalos, o que se tornou mais evidente nos últimos onze meses.
Que não se engane quem ainda espera que a corrupção será eliminada do cenário nacional com certa facilidade. Em termos comparativos, para o Estado a corrupção é um tumor localizado sobre a veia aorta. Qualquer tentativa não planejada de removê-lo pode levar o paciente à morte por hemorragia.
É preciso acabar com a corrupção, sim, mas antes disso é necessário mudar a forma de governar, assim como importante é encontrar outra maneira de se chegar ao poder. Até porque, uma campanha presidencial eficaz e com chances de vitória não custa menos do que US$ 300 milhões, como um todo. Ou seja, é melhor deixar a hipocrisia de lado, pelo menos por enquanto.