Que seja rápido – Para amainar o clima tenso na seara do Ministério do Trabalho, principalmente por causa das denúncias envolvendo o ministro Carlos Lupi (PDT), uma nova crise foi criada para desviar a atenção da opinião pública, que de alguns meses para cá passou a compreender a nocividade da passagem de Luiz Inácio da Silva pelo Palácio do Planalto, algo que se faz notório com a demissão de ministros envolvidos em escândalos de corrupção.
A estratégia palaciana de forjar uma nova cortina de fumaça, colocando o Ministério das Cidades no olho do furacão parece não ter atingido os objetivos esperados. Até porque os rumores que flanam na órbita do ministro Mário Negromonte (PP-BA) estão focados em opiniões divergentes sobre um projeto de mobilidade urbana, sem que nada até então tenha sido devidamente comprovado.
Acontece que para o desespero de alguns palacianos o pedetista Carlos Lupi voltou à alça de mira. Integrante da oposição, o PPS decidiu cobrar explicações do Palácio do Planalto sobre a denúncia de extorsão mo Ministério do Trabalho. O líder do partido na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), disse que a Presidência da República precisa explicar o fato, principalmente porque foi avisada com antecedência de um esquema de cobrança de propina na pasta em troca da concessão da carta sindical, sem que nada tenha sido feito para coibir o esquema.
“Vamos buscar todos os meios. A presidente precisa dar explicações à sociedade sobre esse fato que é da maior gravidade. Se a denúncia chega ao Palácio, mas não é apurada, há conluio, conivência com a corrupção”, declarou Rubens Bueno.
O líder do PPS lembrou que a Presidência da República também foi informada sobre outras irregularidades no Ministério Trabalho, mas nada foi apurado. “Nada fez, foi leniente com o erro”, afirmou Bueno, que insiste na saída de Carlos Lupi do ministério.
Reportagem publicada na mais recente edição da revista Veja revela que assessores próximos a Carlos Lupi cobram propina para conceder o registro sindical. Segundo o delator da tentativa de extorsão, o mecânico Irmar Silva Batista, assessores ministeriais teriam exigido R$ 1 milhão para legalizar a situação do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo. Sindicalistas do PT levaram o fato ao conhecimento da Presidência da República, mas nada foi feito para apurar a denúncia.
A pasmaceira que toma conta do Palácio do Planalto no caso do Ministério do Trabalho é no mínimo estranha. Se a presidente não tomar uma decisão célere em relação ao imbróglio que já reúne uma série de escândalos, ganhará força a tese que começa a circular nos bastidores da política, de que Dilma Rousseff estreou na vida político-partidária no PDT, com as bênçãos de Leonel de Moura Brizola.