Pacote de medidas para incentivar o consumo servirá apenas para manter em alta a arrecadação tributária

Armadilha palaciana – O governo federal se valeu da já conhecida pirotecnia oficial para anunciar o pacote de medidas para incentivar o consumo, mas a expectativa é que a estratégia não renda os dividendos esperados. Além da redução do IPI sobre produtos da chamada linha branca, o que mostra que o Palácio do Planalto é suscetível ao lobby, o governo da presidente Dilma Rousseff decidiu reduzir o IOF para baratear os empréstimos e financiamentos.

Escaldadas com a alta da inadimplência e a disparada o endividamento das famílias brasileiras, as instituições financeiras não devem reduzir as taxas de juro cobradas nas operações de crédito, mesmo depois da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, ter cortado meio ponto percentual da Selic.

O objetivo principal do pacote de medidas anunciado pelo governo é manter o atual volume de arrecadação tributária, que tenderia ao encolhimento por causa do recuo da economia brasileira, que já sente os efeitos da crise econômica que afeta a Europa, em especial a chamada zona do euro.

Horas depois do anúncio do pacote oficial, que aconteceu na manhã de quinta-feira (1), muitas das grandes redes de lojas de eletrodomésticos já ofereciam descontos de até 18% sobre os preços praticados no dia anterior. Para se ter ideia da pouca eficácia das medidas, no financiamento de uma geladeira, no valor de R$ 1 mil, a redução na prestação deve ser de no máximo R$ 7.

Em financiamentos de longo prazo, de um automóvel, por exemplo, a situação fica ainda pior. Como as taxas de juro cobradas pelos bancos ainda é alta, em um financiamento, em 48 meses, cujas parcelas são de R$ 700,00, o desconto não deve ultrapassar a casa dos R$ 3,50.

Em outras palavras, o estratagema adota pelo Palácio do Planalto servirá apenas e tão somente para os cofres oficiais abocanharem, no primeiro momento, o imposto que o dinheiro do décimo terceiro pode proporcionar. Armadilha idêntica foi utilizada pelo governo do messiânico Luiz Inácio da Silva, em 2008, quando a crise decorrente do “subprime” norte-americano fez o planeta enfrentar solavancos econômicos dos mais variados.