Cartão vermelho – Com apenas 337 dias de governo, Dilma Vana Rousseff chega à incrível marca de sete ministros demitidos, sendo que seis deixaram a Esplanada dos Ministérios debaixo de acusações de envolvimento em casos de corrupção. Apenas o peemedebista gaúcho Nelson Jobim foi defenestrado por causa de críticas a outros ministros.
Depois de Antonio Palocci Filho (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Novais (Turismo), Wagner Rossi (Agricultura) e Orlando Silva Jr. (Esporte), chegou a vez de o pedetista Carlos Lupi deixar o Ministério do Trabalho. Cria política de Leonel de Moura Brizola, a quem diariamente vendia jornais e revistas no Rio de Janeiro, Lupi disse que só deixaria a pasta se fosse abatido à bala, desde que a munição fosse de grosso calibre. Na sequência fez declaração de amor à presidente da República, que alegou não ser romântica.
O sangramento político de Carlos Lupi, que durou um mês, começou logo após a imprensa divulgar escândalos envolvendo o staff ministerial e ONGs que mantêm convênios com a pasta. A situação piorou com a denúncia de que o ministro teria viajado em avião fretado por dirigente de uma ONG e de que acumulara dois cargos simultaneamente, sendo que na Câmara dos Deputados foi funcionário-fantasma.
O cenário que ora se desenha não é novidade alguma para aqueles que acompanham diuturnamente a política nacional. Depois que o criminoso esquema do “Mensalão do PT” caiu em desgraça, o então presidente Luiz Inácio da Silva optou por lotear os ministérios, entregando determinadas pastas aos partidos aliados, os quais, sob conta e risco, poderiam fazer todas as estripulias possíveis, como forma de compensar o incondicional apoio no Congresso Nacional.
A necessária queda de Carlos Lupi acontece à sombra de uma briga silenciosa entre centrais sindicais. A presença da Força Sindical, entidade presidida pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), irritava o Palácio do Planalto. A partir de então, denúncias ganharam a mídia. Coincidência ou não, o PT, que também comanda centrais sindicais, agora briga pelo ministério.
O mais interessante é que Carlos Lupi deixa o cargo alegando existir uma conspiração contra o trabalhismo. O que há de fato é a necessidade latente de o Brasil se livrar da corrupção e dos corruptos. O demissionário ministro, que em breve deve reassumir o comando nacional do PDT, disse que a verdade ainda há de ser revelada. Lupi tem razão, pois até a noite de domingo (4) ele se sustentou no cargo a reboque de uma onda de mentiras.