Planalto e Fernando Pimentel fazem jogo duplo e ensaiado para esvaziar escândalo de tráfico de influência

Conversa fiada – Como sempre acontece em escândalos de corrupção e casos de irregularidades cometidas por autoridades, o Palácio do Planalto e o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, adotaram discursos antagônicos diante da acusação de tráfico de influência em contratos de consultoria.

Enquanto Fernando Pimentel alega estar disposto a prestar esclarecimentos no Congresso Nacional, a tropa de choque palaciana tem se empenhado para derrubar a aprovação de qualquer para que o ministro se explique diante dos congressistas. Nesta terça-feira (13), a base aliada conseguiu derribar, por oito votos a cinco, na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Controle do Senado, requerimento do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), para que Pimentel explicasse a mágica da qual também se valeu o então ministro Antonio Palocci Filho, recentemente ejetado da Casa Civil.

Na última quarta-feira (7), a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara rejeito, por 13 votos contra e 5 a favor, requerimento para que o titular da pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior esclarecesse as atividades da consultoria P-21.

A ordem palaciana de proteger Fernando Pimentel tem várias explicações. A primeira delas é que o ministro é amigo de longa data da presidente Dilma Rousseff, com quem combateu o regime militar durante o mais negro período da história política do País. A segunda razão é que Fernando Pimentel é o primeiro da cota de Dilma a ser envolvido em denúncias de eventuais irregularidades, cometidas, diga-se de passagem, fora do exercício do cargo.

Destoando do posicionamento da base aliada, o senador Ivo Cassol (PP-RO) foi o único a votar a favor do requerimento do tucano Alvaro Dias. “Sou da base, mas ministro que tem medo de vir numa comissão não pode ser ministro. Não tem nada o que esconder. Essa comissão aqui não é um cemitério e não enterra ninguém”, declarou Cassol.

A decisão de Dilma Rousseff de dar guarida ao companheiro de partido e de ativismo político pode atrapalhar a reforma ministerial prometida para o início de 2012, pois os partidos contemplados com ministérios poderão bater o pé e manter os atuais ocupantes das pastas. É esperar para ver.