Camisa de força – Quando presidente da FIFA, Joseph Blatter, anunciou que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, o ucho.info foi célere ao afirma que se tratava de uma aberração, pois o País não tem condições de abrigar qualquer evento grandioso, em especial os que exigem pesados investimentos por parte do Estado. Os que nos criticaram preferiram acreditar nas palavras do então presidente Luiz Inácio da Silva, que afirmou que o Brasil realizaria a melhor Copa da história do futebol.
À época, Lula anunciou a liberação de verbas federais (aproximadamente R$ 5 bilhões) para a reforma e ampliação dos aeroportos das cidades-sede da Copa, mas as obras continuam em ritmo preocupante e desanimador. Recentemente, o teto de um terminal remoto construído no aeroporto de Guarulhos caiu e a inauguração do espaço, que serviria para minimizar os costumeiros problemas no final do ano, ficou para 2012.
Como se fosse pouco, o outrora estatizante Partido dos Trabalhadores foi obrigado a apelar à iniciativa privada para dar aos aeroportos de Guarulhos, Viracopos (Campinas) e Brasília condições mínimas de operação, uma vez que o caos na aviação comercial brasileira é cada vez mais evidente.
O ritmo das obras de construção dos estádios que receberão jogos da Copa de 2014 está atrasado e preocupa os dirigentes da FIFA. As obras de infraestrutura vivem situação idêntica ou pior.
Enquanto o Brasil se volta para os preparativos da mais importante competição do futebol planetário, algumas cidades brasileiras sofrem com a chegada da temporada de chuva. Em Belo Horizonte, que receberá jogos da Copa no Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, o Corpo de Bombeiros registrou no domingo (18), até as 17 horas, nada menos que 26 ocorrências relacionadas a desabamentos ou desmoronamentos. Situação semelhante vive o Rio de Janeiro e a Grande São Paulo, onde os alagamentos têm provocado destruição e prejuízos incalculáveis.
É preciso que alguma autoridade venha a público para explicar a lógica que reina na lista de prioridades que emoldura os investimentos estatais, pois não é admissível que pessoas convivam rotineiramente com o risco de morte enquanto alguns alarifes gazeteiam à sombra da Copa do Mundo.