Pedido de CPI com base em denúncias de livro é brincadeira de péssimo gosto e fora de hora

Pirotecnia de ocasião – A Secretaria-Geral da Câmara dos Deputados informou que 185 parlamentares assinaram o requerimento de criação de CPI para investigar as privatizações ocorridas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A iniciativa é do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que alegou “clamor popular” ao defender a criação da CPI, que terá como base o conteúdo do livro “Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que em 2011 esteve envolvido no escândalo de violação do sigilo fiscal de diversos integrantes do PSDB.

Caberá ao presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), decidir pela criação ou não da comissão, após analisar se existe um fato determinado que justifique a investigação. Maia solicitou à secretaria-geral da Mesa um parecer sobre o tema, sendo que uma decisão final a respeito do assunto será tomada em 2012.

É no mínimo temerário requerer a criação de uma CPI com base no conteúdo de um livro que trata de um tema que foi largamente explorado e investigado, sem que as provas documentais que embasaram a obra literária tenham sido checadas. É o tipo de ação que pode ser classificada como tiro no escuro e que servirá para derramar uma cortina de fumaça sobre os escândalos de corrupção que marcaram o primeiro ano de Dilma Rousseff à frente do governo, não sem antes tumultuar o processo eleitoral do próximo ano em importantes cidades brasileiras, a começar por São Paulo.

Se a tese do deputado Protógenes Queiroz, de que as denúncias contidas em uma obra literária, são suficientes para justificar a criação de uma CPI, que alguém explique por qual razão até agora não foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito a partir do livro “O Chefe”, do jornalista Ivo Patarra, ex-chefe da assessoria de Luiza Erundina, outrora petista e hoje no PSB. Na obra, Patarra vai do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André, ao escândalo do Mensalão do PT, passando pelas estripulias de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, e pelos dois maiores acidentes da aviação comercial brasileira.

Aproveitando que o momento é de explicações, que Protógenes Queiroz desvende esse misterioso clamor popular que ninguém viu ou ouviu.