Dilma Rousseff abandona a realidade dos fatos e garante que o próximo ano será de muita prosperidade

Camisa de força – No discurso de final de ano, a presidente Dilma Vana Rousseff cumpriu tabela e desejou aos brasileiros votos de que 2012 seja próspero. Abusando do ufanismo, Dilma sugeriu que o Brasil e os brasileiros devem apostar contramão da lógica dos fatos, ignorando a crise e acreditando na possibilidade de um ano muito melhor. Otimismo é ingrediente indispensável à vida, desde que utilizado com sabedoria e responsabilidade. Do contrário é caso de internação.

Por mais que os palacianos tenham garantido a inviolabilidade da economia brasileira, os efeitos da crise internacional já são sentidos no território nacional, em todos os segmentos do cotidiano. A geração de empregos despencou em novembro, a atividade industrial encolheu, a inflação deve ultrapassar o teto da meta fixado pelo próprio governo. Em outras palavras, o cenário não é tão promissor quanto anuncia a presidente.

Para minimizar os efeitos colaterais da crise, o Palácio do Planalto mais uma vez lança mão do consumo interno, uma vez que a economia nacional depende em pelo menos 70% daquilo que é consumido pelos brasileiros. Trata-se de solução pontual, que no longo prazo nada representa, pois uma nação é resultado de ações planejadas. Quando o então presidente Luiz Inácio da Silva adotou estratégia idêntica no final de 2008, ocasião em que pediu à sociedade a manutenção do consumo em níveis elevados, o ucho.info alertou para uma série de perigos. Entre eles, o endividamento recorde das famílias e a alta da inadimplência, resultados do consumismo insano.

Outro assunto que mereceu destaque em nosso noticiário foi o perigo que representava a contínua desindustrialização do País, pois o Estado em momento algum, nos últimos oito anos, acenou com soluções para o setor produtivo. Nada foi feito para incentivar a produção brasileira. Lula se preocupou em salvar sua quase interminável passagem pelo Planalto com os elevados níveis de consumo, o que garantiu ao governo federal a manutenção da bilionária arrecadação.

Engessado por conta da política fiscal, o governo federal não cumpre o cronograma de investimentos em infraestrutura. É importante salientar que desenvolvimento sem infraestrutura simplesmente não existe ou é obra de ficção. Prova maior é o que aconteceu com alguns setores depois da solução apresentada por Lula para enfrentar a crise de 2008. Verdadeiras avalanches de carros novos chegaram às ruas e avenidas brasileiras, sem que um tostão tenha sido investido em mobilidade urbana e melhoria dos sistemas viários. O resultado é facilmente traduzido por congestionamentos cada vez mais caóticos.

O mesmo aconteceu no setor da aviação comercial. A reboque do crédito fácil, o brasileiro descobriu a facilidade que é viajar de avião em um país com dimensões continentais. O resultado da falta de investimentos oficiais está evidente na superlotação dos aeroportos e atrasos cada vez mais recorrentes nos voos. Situação semelhante vive o setor de energia elétrica. Com concessão de crédito e redução de impostos, o brasileiro mergulhou no universo dos eletrodomésticos. Acontece que nada foi feito para atender à demanda de energia decorrente de um volume maior de equipamentos elétricos conectados. E o Brasil que se prepare, pois apagões isolados durante o verão serão normais.