Governo do PT rasga o estridente discurso oposicionista do passado e dá as costas aos aposentados

Lado B – Nos tempos em que liderava a oposição, o PT patrocinava uma ruidosa gritaria contra a inflação, sob a desculpa de que o mais temido fantasma da economia aniquilava o salário do trabalhador. Fora isso, os petistas sempre defenderam a adoção pelo Estado do salário mínimo sugerido pelo Dieese, atualmente em R$ 2.227,53.

Como se o discurso do passado pudesse ser enterrado, os palacianos publicaram na edição desta segunda-feira (9) do Diário Oficial da União a portaria do Ministério da Previdência Social que fixa em 6,08% o reajuste das aposentadorias com valores acima do salário mínimo. De acordo com o governo, o índice de reajuste corresponde à inflação de 2011.

Acontece que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou o ano de 2011 em 6,5%, ou seja, no teto da meta ficada pelo Banco Central, o que evitou que o presidente da instituição, Alexandre Tombini, fosse obrigado a dar explicações ao ministro Guido Mantega, da Fazenda.

De acordo com a portaria, a partir de 1º de janeiro o piso dos benefícios será de R$ 622, correspondente ao salário mínimo, que teve aumento de 14,1%. Como se apenas os que aposentados e pensionistas que recebem o equivalente a um salário mínimo são vítimas da famigerada inflação e do aumento de preços de produtos e serviços.

Isso mostra a falta de sensibilidade do governo de Dilma Rousseff, que adotou o slogan “País rico é país sem pobreza”. Antes de ocupar a principal cadeira do Palácio do Planalto, Dilma conviveu oito anos com o slogan “Brasil, um país de todos”, adotado pelo seu antecessor e mentor eleitoral, o ex-metalúrgico Luiz Inácio da Silva.

Como se sabe, a inflação real é muito maior do que a divulgada pelo governo, situação que pode ser facilmente constatada no cotidiano. Tão logo assumiu o poder central, Lula passou a entoar o discurso da herança maldita, como forma de transferir a Fernando Henrique Cardoso a responsabilidade pelos erros e tropeços da administração petista. Desde o início do governo de Dilma Vana Rousseff não surgiu em cena um petista sequer para falar do amaldiçoado espólio deixado por Lula da Silva, que continua frequentando o noticiário na condição de “pop star” da política nacional.

Lula venceu as eleições presidenciais de 2002 e 2006 no vácuo de um messianismo barato e de promessas absurdas, mas não demorará muito para o brasileiro perceber que o estrago produzido nos últimos oito anos carecerá pelo menos de cinco décadas para ser corrigido.