Reflexo do consumo irresponsável e da inflação em alta, inadimplência disparou em 2011

Efeitos colaterais – Quando, no final de 2008, o então presidente Luiz Inácio da Silva ocupou os meios de comunicação para pedir aos brasileiros a manutenção em níveis elevados o consumo interno, com forma de minimizar os efeitos da crise financeira internacional provocada pelo “sub prime” norte-americano, o ucho.info alertou para os perigos do apelo presidencial, como o endividamento recorde das famílias brasileiros e a elevação da inadimplência.

Nesta terça-feira (10), a Serasa Experian informou que a inadimplência dos consumidores brasileiros cresceu 21,5% em 2011, em comparação com 2010, a maior alta desde 2002, quando houve um crescimento de 24,7% ante 2001.

Na relação anual (dezembro de 2011 sobre dezembro de 2010), a elevação foi de 13,1%, a menor desde setembro de 2010. Na comparação entre dezembro e novembro, o último levantamento do ano apresentou queda de 2,5%, aponta a Serasa. Esse recuo registrado entre os dois últimos meses do ano se deve ao pagamento do décimo terceiro salário, que teve mais de 30% do total (R$ 118 bilhões) destinados ao pagamento de dívidas.

“O aumento da inflação, que reduziu o rendimento do trabalhador, e os juros ainda elevados afetaram a capacidade de pagamento do consumidor diante de um endividamento crescente em 2011”, apontam os economistas da Serasa. De acordo com a avaliação dos especialistas, o acumulo de dívidas de médio e longo prazos vem desde 2010, quando as condições de crédito e do orçamento do consumidor foram mais favoráveis do que em 2011.

O valor médio das dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços, como telefonia, energia elétrica e água) foi de R$ 320,63 em 2011, uma queda de 17,3% na comparação com 2010. No segmento de dívidas bancárias, o valor médio registrado ao longo dos doze meses de 2011 foi de R$ 1.302,12, com redução de 0,7% sobre o mesmo acumulado do ano anterior.

Os títulos protestados registraram um valor médio de R$ 1.372,86, com crescimento de 16%, quando comparado com 2010. Os cheques sem fundos tiveram, em 2011, um valor médio de R$ 1.359,19, aumento de 8,4% sobre 2010.