Lupa na mão – A FIFA decidiu investigar as denúncias de manipulação de resultados no futebol brasileiro, feitas pelo ex-árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, que acusa o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, de corrupção.
A decisão da entidade máxima do futebol faz parte de uma operação contra o crime organizado e as apostas ilegais, que, de acordo com a entidade, movimentam US$ 500 bilhões (R$ 925 bilhões) por ano, valor que supera o PIB de muitas nações.
Há dias, em entrevista ao jornalista Fernando Sampaio, da Rádio Jovem Pan, Gutemberg Fonseca não apenas acusou o chefe dos árbitros da CBF, mas insinuou que teria recebido ordens indiretas para beneficiar o Corinthians no Campeonato Brasileiro de 2010. O acusador, porém, não deixou claro se isso realmente aconteceu. “Estamos interessados em saber mais sobre essa denúncia”, indicou o chefe de segurança da FIFA, Chris Eaton. Segundo ele, juízes têm sido alvo de organizações criminosas em todo o planeta.
A FIFA, que nesta semana enviou um de seus agentes ao Brasil, informa que investigações na Itália e na Argentina apontam para o envolvimento de apostas ilegais no Brasil, além de outros crimes envolvendo juízes e jogadores. As informações se referem a jogos da Segunda Divisão dos campeonatos nacionais e locais, mas a FIFA admite a existência de suspeitas de prática idêntica na principal divisão do futebol brasileiro.
Na opinião dos especialistas em segurança da FIFA, grupos criminosos especializados em apostas ilegais estariam operando na América do Sul. Uma das provas seria um documento manuscrito por um dos criminosos, escrito a mão por um dos criminosos, já preso, que contém informações sobre a manipulação do resultado de um amistoso entre Bolívia e Venezuela.
No Brasil, segundo os especialistas, as investigações ganharam importância, em especial por causa da Copa do Mundo de 2014. “Há muito dinheiro no futebol e os criminosos querem esse dinheiro”, disse Eaton, que montou escritórios na Colômbia, Jordânia e Indonésia.
Documentos revelados pela FIFA apontam a extensão da participação do crime organizado no futebol mundial. Entre os documentos há entendimentos entre criminosos e federações nacionais que estabelecem jogos com resultados acertados para manipular apostas mundiais. “O crime organizado desembarcou com força no futebol”, disse o chefe de segurança da FIFA.
Por outro lado, as acusações feitas por Gutemberg de Paula Fonseca podem dar em nada, pois até agora as palavras do ex-árbitro não encontraram respaldo em provas, absolutamente importantes para qualquer medida punitiva. Nada poderá ser feito para combater um eventual esquema de manipulação de resultados se as acusações ficarem apenas e tão somente no campo das suposições.
