Com 242 milhões de celulares, a comunicação no Brasil está entre o oportunismo vil e o caos tecnológico

Abra os olhos – Dizia o saudoso Abelardo Barbosa, o Chacrinha, o maior comunicador da televisão e do rádio do País, que “quem não se comunica se trumbica”. Como se fosse um mantra, o Velho Guerreiro abria seus programas o bordão “eu vim para confundir e não para explicar”, mas aos jornalistas cabe a obrigação profissional de esclarecer os fatos à população.

Na toada da profecia do sensacional Chacrinha, o Brasil encerrou 2011 com a incrível marca de 242,2 milhões de telefones celulares habilitados. Ou seja, há no País mais celulares do que pessoas. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), esse número se deve a 39,3 milhões de novas linhas de telefonia móvel habilitadas em 2011, crescimento de 19,36% em comparação com o ano anterior.

Esse assunto foi largamente explorado pelos veículos de comunicação na segunda-feira (16), mas de fora das reportagens ficaram os preços das tarifas pagas pelos usuários da telefonia celular. Dando continuidade à missão de defender os interesses da sociedade, o ucho.info vem se dedicando nos últimos meses a explanar aos parlamentares brasileiros a disparidade que existe entre as tarifas pré-pagas e pós-pagas.

Com mais de 80% dos celulares habilitados na modalidade pré-paga, as operadoras de telefonia móvel cobram dos usuários tarifas muito maiores, quando deveria ocorrer o contrário, pois o risco proporcionado por esse tipo de cliente é negativo, uma vez que as chamadas só são realizadas mediante pagamento antecipado. As operadoras alegam que os valores das tarifas para os celulares pré-pagos são menores, mas trata-se de uma combinação de promoções com prazo de validade. Na verdade, o que vale em termos legais é o valor cheio da tarifa.

Outro assunto que há muito perdeu espaço na mídia verde-loura é a validade dos créditos adquiridos pelos usuários de celulares pré-pagos. Com o fim do prazo, o cliente é obrigado a comprar novos créditos se quiser continuar usando o celular. Do contrário, a operadora simplesmente abduz o dinheiro do cliente sem maiores explicações. As operadoras de telefonia móvel deveriam oferecer aos clientes pré-pagos no mínimo as mesmas tarifas disponibilizadas aos da modalidade pós-paga.

Mas o pior está por vir. Os mais recentes dados divulgados pela Anatel mostram que a telefonia celular está à beira do colapso. Tal situação é facilmente constatada quando o usuário tenta fazer uma ligação a partir do celular. Muitas vezes a ligação completa sem audição, obrigando o cliente a repetir a operação, o que gera custos adicionais. Isso decorre da venda maciça de smartphones e tablets, que consomem boa parte da banda de transferência de dados e comprometem a telefonia celular como um todo.

Se nada for feito no curto prazo, a Copa do Mundo de 2014 será uma quase exclusividade dos brasileiros, pois transmitir dados para além das fronteiras nacionais será um mero jogo de azar.