(*) CicloVivo –
Em 2011, a Grande São Paulo registrou o pior índice de poluição de ar dos últimos oito anos. Os dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) mostram que no ano passado houve lugares em que o ar esteve inadequado durante 97 dias.
De acordo com o levantamento de dados, divulgado pelo jornal “Folha de S. Paulo”, o ozônio excedeu o limite em 96 dias, sendo que em 2003 o número não passou de 77. Também avalia-se que este poluente nunca esteve tão presente, desde 2001. As comparações são feitas a partir de 2003, pois na década de 1990 a rede da Cetesb era bem menor.
A gravidade da presença do ozônio se dá, principalmente, pelo fato de ser formado por substâncias emitidas em escapamentos de carros e de caminhões, por exemplo. Para o médico da USP especialista em poluição atmosférica, Paulo Saldiva, a poluição por ozônio se deve ao aumento dos veículos em São Paulo. “O aumento das emissões das substâncias precursoras está relacionado com o crescimento tanto da frota, quanto do trânsito na Grande São Paulo”, explica.
Já o professor do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo, afirma que este aumento tem relação com o período em que a inspeção não era obrigatória e também o resultado do atraso nos transportes públicos.
Desde 2007, está mais fácil saber a quantidade desse poluente que os paulistanos têm respirado, com a instalação de uma estação para medir a quantidade de ozônio, na Cidade Universitária, Zona Oeste da cidade. Antes disso, entre 1995 e 2005, a qualidade do ar havia melhorado na Grande São Paulo, mas infelizmente este cenário mudou no ano passado e, para o especialista da USP, os índices podem melhorar de forma menos veloz.
A gerente de qualidade do ar da Cetesb, Maria Helena Martins, não acredita que o aumento da poluição por ozônio seja uma tendência e afirma que um dos motivos desta piora no ar se deve a falta de chuva em 2011. “As condições meteorológicas são fundamentais para explicar o comportamento do ozônio”, diz. “No ano passado, no inverno, tivemos muitos dias com sol e sem chuva. Não há tendência clara para este poluente. Nem para um lado e muito menos para outro.”
Mesmo assim, ela concorda que os níveis estão inadequados e que o ideal seria uma diminuição. Para que isso ocorra, dois fatores devem ser levados em conta: a população precisa diminuir o uso de carro e os órgãos devem ser mais rígidos no controle da poluição.