PT continua criticando a desocupação do Pinheirinho, mas esquece a destruição da Câmara

Túnel do tempo – Antes de embarcar para Cuba, a presidente Dilma Rousseff anunciou que não trataria de assuntos relacionados aos direitos humanos, o que poderia comprometer a visita da mandatária brasileira aos irmãos-ditadores Raúl e Fidel Castro, que há mais de cinco décadas governam a ilha caribenha com truculência desmedida e covardia atroz. Sem ter como escapar do tema, aos jornalistas Dilma falou sobre direitos humanos, mas fez questão de colocar no centro da polêmica os Estados Unidos, que mantém em território cubano a prisão de Guantánamo.

Com isso, Dilma Rousseff saciou a volúpia da imprensa que tanto queria saber sobre o assunto, sem ter fustigado os ditadores cubanos. Enquanto a presidente declarava que concorda em “falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral”, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência informou que foram constatadas “diversas violações de direitos humanos” na reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior paulista.

A operação, que deixou 18 feridos e milhares de desabrigados, tem servido para alimentar uma quase interminável troca de acusações entre caciques petistas e as administrações dos tucanos Geraldo Alckmin e Eduardo Cury, respectivamente governador do estado de São Paulo e prefeito de São José dos Campos.

O primeiro grão-petista a puxar o fio do novelo foi o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que continua devendo informações sobre a morte do companheiro Celso Daniel, então prefeito de Santo André, no Grande ABC. Carvalho, que na semana passada participou do Fórum Social Temático, em Porto Alegre, acusou o governo paulista de criar uma “praça de guerra” no local da reintegração de posse.

Que o Brasil avança na direção da “cubanização” todos sabem, mas chega a ser nauseante a movimentação do PT quando abusa do oportunismo. Ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, a petista Maria do Rosário, que envergonha boa parte do Rio Grande do Sul com seu pensamento obtuso e radical, não foi a Cuba porque sua presença na ilha seria uma afronta à morte de Wilman Villar Mendonza, dissidente do regime que há dias sucumbiu em uma prisão cubana depois de greve de fome. Antes de Wilman, outro dissidente, Orlando Zapata Tamayo, morreu em 2010 também por causa de greve de fome, sem que Lula tivesse comentado o assunto com os irmãos Castro.

Ao justificar sua ausência na comitiva da presidente Dilma Rousseff que aterrissou em Havana, Maria do Rosário disse que tinha compromissos no Haiti, não sem antes afirmar que “a marca de Cuba não é a violação de direitos humanos, e sim ter sofrido uma violação histórica, o embargo americano”.

Enquanto Maria do Rosário zomba da luta dos dissidentes cubanos, sempre à mercê da violência que marca a ditadura castrista, e o governo do PT fatura politicamente com a desocupação do Pinheirinho, ocupada ao arrepio da lei, os brasileiros são dragados pela memória curta e falha. Para contrapor o discurso petista em defesa dos direitos humanos, o ucho.info relembra a invasão da Câmara dos Deputados, em junho de 2006, por integrantes do MLST, grupo que continua sendo financiado pelo governo federal e é comandado pelo petista “bon vivant” Bruno Maranhão.

Durante a invasão, servidores da Câmara dos Deputados foram agredidos e feridos de forma covarde, sendo que os prejuízos causados pela destruição de instalações e equipamentos foram absurdos. Na ocasião, o Salão Verde da Câmara, anexo ao plenário, foi ocupado em questão de segundos por centenas de manifestantes, que passaram a destruir tudo o que encontravam pela frente, a começar por equipamentos de informática. O editor do ucho.info, que estava na Câmara naquele dia, acompanhou a barbárie patrocinada pelos comandados de Bruno Maranhão, que depois do episódio continuou sendo recebido no Palácio do Planalto com pompa e deferências.

Antes de criticar a operação de reintegração de posse do Pinheirinho, algo que tem ocorrido por conta das eleições municipais deste ano, o PT deveria rever a própria história, muito antes da fundação da legenda, quando alguns dos seus atuais destacados integrantes ignoraram os direitos humanos e mataram inocentes na tentativa de instalar no País, na década de 60, uma ditadura comunista.