Michel Temer nega com veemência, mas governo da petista Dilma é sinônimo contínuo de crise

Atrás do dicionário – Presidente licenciado do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer disse, na quarta-feira (1), que a palavra “crise” tem sido utilizada de forma indiscriminada no País. Para Temer, não há crise no Executivo, mesmo com as seguidas denúncias de irregularidades nos ministérios. Para o vice-presidente, a saída de um ministro e a chegada de outro não interferem na normalidade do governo.

Por dever de ofício Michel Temer tem a obrigação de ser um otimista, mas é no mínimo arriscado afirmar que o governo da petista Dilma Rousseff é um reduto de calmaria e eficiência. Longe de ter um ministério qualificado, promessa feita após a vitória nas urnas, Dilma é refém de partidos políticos que integram a chamada base aliada. O PMDB, por exemplo, partido de Michel Temer, chegou a ameaçar o governo com retaliações no Congresso por causa da recente demissão do diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), Elias Fernandes.

Fernandes, que deixou o cargo debaixo de uma saraivada de denúncias, foi indicado pelo deputado federal Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara e autor das ameaças ao Planalto. As ameaças foram contidas, provavelmente por negociações de bastidor, que deram aos revoltosos de ocasião algum tipo de contrapartida

O governo que herda uma estrutura conhecidamente corrupta e nada faz para mudar, fecha os olhos para as transgressões de seus operadores e troca sete ministros por outros tantos do mesmo grupo é uma incontestável ode à crise. Apenas para lembrar, dos oito ministros que deixaram o governo até agora, sete deles saíram por conta de denúncias de irregularidades.