Olho no olho – O PPS anunciou que proporá nos próximos dias uma acareação, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Controle da Câmara, entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente nacional do PTB, ex-deputado Roberto Jefferson, e o líder da legenda na Casa, Jovair Arantes. O objetivo da audiência pública é descobrir quem está dizendo a verdade sobre a nomeação e a manutenção no cargo do ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci, demitido no final de janeiro acusado de cobrar propina de fornecedores e remeter U$ 25 milhões para contas bancárias no exterior em seu nome e de sua filha.
Cobrado pelo Palácio do Planalto, Mantega alega que a indicação de Denucci partiu do PTB. No contraponto, Roberto Jefferson afirma que o PTB apenas “fez um favor” a Mantega ao chancelar a indicação. Responsável pela revelação do escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT”, Jefferson garante ainda que o petista, que está à frente do Ministério da Fazenda desde a era Lula, foi informado seis meses atrás sobre as supostas falcatruas de Denucci. O presidente do PTB acusa ainda o PT de usar postos-chave na administração pública para captar recursos para financiar a próxima campanha eleitoral.
Líder do PPS na Câmara, o deputado federal Rubens Bueno (PR) diz que a acareação servirá para mostrar ao público quem está dizendo a verdade. “Na última vez que Roberto Jefferson disse ter alertado o governo sobre uma falcatrua eclodiu o escândalo do mensalão. Agora, o caso envolve uma área de suma importância para o país, a Casa da Moeda. Porque o PTB resolveu prestar um favor para Mantega ao chancelar a nomeação de Denucci? Em troca de quê? Mantega era mesmo o padrinho de Denucci, como alega o PTB? E por que o manteve no cargo ao ser informado das irregularidades? Essas são algumas das questões que precisam ser esclarecidas na audiência que o PPS vai pedir”, destaca Bueno, que lembra que o Ministério da Fazenda só abriu sindicância para apurar o caso na última semana, após a imprensa divulgar as denúncias contra o ex-presidente da Casa da Moeda.
Na avaliação do líder do PTB, se sabia das denúncias e nada fez, Mantega prevaricou ou, no mínimo, incorreu na prática de condescendência criminosa. “Aí teremos que entrar na esfera judicial, pois não é possível que o responsável por toda a área econômica do governo mantenha em uma área nevrálgica do sistema uma pessoa suspeita de cobrança de propina e remessa ilegal de dinheiro ao exterior”, completa o deputado.
Investigação e novos depoimentos
Para Rubens Bueno, tão importante quanto o esclarecimento sobre os interesses em torno da indicação de Denucci para a Casa da Moeda, está a investigação sobre o esquema de cobrança de propina de fornecedores e o envio de U$ 25 milhões para o exterior. “Por isso também pretendemos convocar o economista (que confirma a existência das offshores, mas nega a remessa dos recursos) e os responsáveis pela WIT, empresa consultora dessas contas, que confirma em relatório as movimentações milionárias”, adianta o líder do PPS, que espera que a Polícia Federal e o Ministério Público entrem no caso com profundidade.