Dois pesos – A greve dos policiais militares da Bahia, que reivindicam melhores salários, caminha cada vez mais na direção do impasse. Enquanto os representantes dos grevistas continuam amotinados na Assembleia Legislativa baiana, o governador Jaques Wagner disse, em entrevista concedida no domingo (5), que não negocia com bandido e que não concederá anistia aos líderes do movimento.
A habilidade de Wagner para lidar com grevistas parece que ficou estacionada nos tempos em que o Partido dos Trabalhadores, partido do qual o governador é um dos fundadores, incitava greves em todo o País. Em 2001, quando a Bahia era governada por César Borges, então afilhado político do finado ACM e agora na base de apoio ao governo Dilma Rousseff, o mesmo PT de Jaques Wagner incentivou e financiou parcialmente a greve dos policiais militares. Na ocasião, os petistas baianos doaram dinheiro aos grevistas e disponibilizaram alguns veículos para o comando de greve. O movimento, deflagrado pelo mesmo motivo, durou dez dias e também provocou onda de terror no estado.
É sabido que os governantes têm contra si a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede gastos extras, a começar por reajustes salariais, mas governar é algo que exige talento e bom senso, pois a população não pode ser refém de uma queda de braços sem fim.
Antes de viajar para Cuba a convite da residente Dilma Rousseff, o governador da Bahia já sabia da possibilidade de uma greve por parte dos policiais militares e de suas desastrosas consequências. Wagner pode dizer o que quiser a respeito dos grevistas, menos chamá-los de bandidos, mesmo que os revoltosos estejam agindo como tal. Esse impedimento se deve ao fato de Jaques Wagner ter deixado o povo baiano à deriva, enquanto beijava a mão do sanguinário ditador cubano Raúl Castro.
Não se trata de defender a greve que transformou Bahia em faroeste a céu aberto, mas de reconhecer o direito de cada trabalhador de buscar o melhor para si. Entre um bandido que pleiteia melhores salários e outro que prende e endossa a morte lenta dos dissidentes, o primeiro é menos criminoso.