Papo furado – A mudança de ministros na pasta das Cidades, que até 2014 terá orçamento bilionário por conta da Copa do Mundo, foi marcada por desfaçatez. Enquanto o então ministro Mario Negromonte sangrava no cargo por causa da rebelião que tomou conta do Partido Progressista, o presidente nacional da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ), mostrou sua devoção pelos incendiários, não pelos bombeiros, papel que deveria ter assumido quando correligionários arquitetavam o golpe que culminou com a troca de ministros.
No dia em que a demissão de Negromonte foi oficialmente confirmada, Dornelles foi ao Ministério das Cidades para agradecer ao então ministro pela atuação na pasta. “Eu vim em nome do Partido para cumprimentar o Ministro Negromonte pelo importante e excelente trabalho feito no Ministério das Cidades. Ele demonstrou muita competência e conhecimento dos problemas da pasta. Foi para o Partido uma honra e um orgulho muito grande ser representado por Negromonte no Ministério das Cidades”, declarou o senador pelo Rio de Janeiro.
Considerando que o PP classifica como excelente o trabalho de Mario Negromonte, sobre o qual pairam acusações ainda não comprovadas, Dornelles deveria pelo menos ter defendido a permanência do correligionário no cargo. E não o fez, pois era grande a pressão de alguns senadores do partido, como é o caso de Ciro Nogueira (AL) e Benedito de Lira (AL), para a troca de ministros.
Em outro vértice dessa dança de cadeiras está a declaração do novo ministro, Aguinaldo Ribeiro, eleito deputado federal pelo PP da Paraíba, que alegou que sua indicação aconteceu de “supetão”. Trata-se de uma afirmação pouco convincente, pois há muito o grupo de parlamentares que garantiu a chegada de Aguinaldo Ribeiro à Esplanada dos Ministérios articulava a queda de Negromonte, sendo que sua nomeação só ocorreu porque o PP fez a indicação. Em outras palavras, essa história de “supetão” é conversa fiada.