Artilharia pesada – Enquanto as comissões temáticas da Câmara dos Deputados não entram em funcionamento, pois é preciso eleger quem dirigirá cada uma delas, o PPS protocolará nesta terça-feira (7), no plenário da Casa, pedido de convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O objetivo da audiência pública é esclarecer à sociedade quem de fato está dizendo a verdade sobre a nomeação e a manutenção no cargo do ex-presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci. Demitido no final de janeiro na esteira de reportagem publicada na imprensa, o economista é suspeito de cobrar propina de fornecedores e remeter ilegalmente U$ 25 milhões para contas bancárias no exterior, em favor de empresas “offshore” registradas em seu nome e no de sua filha.]
O ministro alega que a indicação do servidor para o cargo partiu do PTB. Já o presidente nacional da legenda, o deputado cassado Roberto Jefferson, afirma que o partido apenas “fez um favor” a Mantega ao chancelar a indicação. Responsável pela revelação do escândalo de corrupção que ficou nacionalmente conhecido como do “Mensalão do PT”, Jefferson garante ainda que o petista, que controla a Fazenda desde o governo Lula, foi alertado há mais de seis meses sobre as supostas falcatruas de Denucci. Acusa ainda o PT de usar postos-chave na administração pública para, de maneira ilícita, captar direta ou indiretamente recursos para a próxima campanha eleitoral.
Segundo o líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), a convocação do ministro no plenário é necessária para furar a blindagem erguida ao redor de Mantega, já que as comissões da Casa não devem se reunir nesta semana e a aprovação de audiências públicas fica prejudicada. “Até agora esse caso da Casa da Moeda permanece sem explicação convincente. Por se tratar de uma área sensível do governo, Mantega precisa vir ao Congresso para esclarecer se houve mesmo cobrança de propina no órgão e porque manteve uma pessoa suspeita de corrupção no cargo. Não dá pra empurrar essa história para baixo do tapete”, cobra Bueno.
Acareação em comissão
Além da convocação no plenário, o PPS apresentará na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Controle da Câmara um pedido de audiência pública reunindo Mantega, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o líder da legenda na Casa, deputado Jovair Arantes. Para o líder do PPS, a acareação servirá para mostrar ao público quem está dizendo a verdade. “Na última vez que Roberto Jefferson disse ter alertado o governo sobre uma falcatrua eclodiu o escândalo do mensalão. Agora, o caso envolve uma área de suma importância para o país, a Casa da Moeda. Porque o PTB resolveu prestar um favor para Mantega ao chancelar a nomeação de Denucci? Em troca de quê? Mantega era mesmo o padrinho de Denucci, como alega o PTB? E por que o manteve no cargo ao ser informado das irregularidades? Essas são algumas das questões que precisam ser esclarecidas na audiência que o PPS vai pedir”, ressalta o líder, que lembra que o Ministério da Fazenda só abriu sindicância para apurar o caso na última semana, após a imprensa divulgar as denúncias contra o ex-presidente da Casa da Moeda.
Na avaliação de Rubens Bueno, se sabia das denúncias e não fez nada o ministro Mantega prevaricou ou, no mínimo, incorreu na prática de condescendência criminosa. “Aí teremos que entrar na esfera judicial, pois não é possível que o responsável por toda a área econômica do governo mantenha em uma área nevrálgica do sistema uma pessoa suspeita de cobrança de propina e remessa ilegal de dinheiro ao exterior”, completa o deputado.
Investigação e novos depoimentos
Para Rubens Bueno, tão importante quanto o esclarecimento sobre os interesses em torno da indicação de Denucci para a Casa da Moeda, está a investigação sobre o esquema de cobrança de propina de fornecedores e envio de U$ 25 milhões para o exterior. “Por isso também pretendemos convocar o economista (que confirma a existência das “offshores”, mas nega a remessa dos recursos) e os responsáveis pela WIT, empresa consultora dessas contas, que confirma em relatório as movimentações milionárias”, adianta o líder do PPS, que espera que a Polícia Federal e o Ministério Público vão a fundo neste caso.