Área livre – Os policiais militares grevistas da Bahia que ocupavam a Assembleia Legislativa começaram a deixar o local na manhã desta quinta-feira (9), após o governo estadual ter cortado o fornecimento de água, energia elétrica e impedido a entrada de alimentos. A saída foi anunciada durante a madrugada pelo advogado Rogério Andrade, que representa a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares (Aspra).
A saída dos PMs não significa que a greve tenha acabado, pois a tendência é que o movimento continue, uma vez que representantes dos grevistas e do Palácio de Ondina, sede do Executivo baiano, ainda não chegaram a um acordo. Além de aumento salarial, os policiais militares cobram do governo melhores condições de trabalho.
Na noite de quarta-feira (8), o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, disse que não aceitará que os PMs usem a greve como forma de pressão para aprovação da PEC 300, que estabelece piso salarial nacional para policiais e bombeiros. “Se alguém acha que por meio da prática de crimes e de ameaças vai conseguir que o Congresso e os poderes constituídos se curvem a este tipo de situação está muito enganado”, disse Cardozo.
A declaração do ministro da Justiça contraria o discurso passado do PT em relação às greves, além de anular a tese defendida por Luiz Inácio da Silva, em 2001, por ocasião da greve de policiais militares da Bahia.
Na ocasião, Lula disse: “Acho que, no caso da Bahia, o próprio governo articulou os chamados arrastões para criar pânico na sociedade. O que o governo tentou vender? A impressão que passava era a de que, se não houvesse policial na rua, todo baiano era bandido. Não é verdade. Os arrastões na Bahia me lembraram os que ocorreram no Rio em 92, quando a Benedita [da Silva, petista e atual vice-governadora do Rio] foi para o segundo turno [nas eleições para a prefeitura]. Você percebeu que, na época, terminaram as eleições e, com isso, acabaram os arrastões?”