Brasil exibirá os milhões investidos no Carnaval, mas saúde, educação e segurança continuam na dispersão

Terra de antagonismos – Do Oiapoque ao Chuí, o País já está em ritmo de Carnaval e a vida só retomará a normalidade nos derradeiros dias de fevereiro. Até porque, há quem garanta, e não é de hoje, que o ano só começa de fato depois da folia de Momo.

Como se o Brasil não tivesse problemas de toda ordem e fosse a versão tropical do país das maravilhas, aquele de Alice, nos próximos dias toda e qualquer mazela será esquecida. O noticiário, como sempre acontece, abrirá espaço para as desnudas que desfilaram nas principais escolas de samba.

Certa feita, alguém creditou ao general Charles de Gaulle a frase de que “o Brasil não é um país sério”. Não se sabe ao certo se tal frase é da lavra do militar que governo a França, mas seja lá de quem for a autoria trata-se da mais completa tradução de um país cujos governantes encaram o cotidiano como se fosse brincadeira.

Há dias, no Rio de Janeiro, foi inaugurada a obra que proporcionou melhorias no sambódromo da Avenida Marquês de Sapucaí, com 12,5 mil lugares a mais para os adeptos do Carnaval. Tudo financiado com o suado dinheiro do contribuinte. Esse degradante espetáculo do Estado não é privilégio do Rio de Janeiro, mas de todo o País.

Dizem os mais experientes que a vida não deve ser levada tão a sério, mas aqui fica a pergunta. Quantos novos leitos hospitalares foram criados enquanto o sambódromo carioca era remodelado? A essa altura será difícil encontrar alguém disposto a responder tão enigmática pergunta, mas mesmo que surgisse algum incauto a resposta seria evasiva. Até porque, o Brasil é o eterno país do faz de conta.