Azeite da discórdia: campanha publicitária do português Gallo é suspeita de racismo

Fora do tom – Uma campanha criada em 2011 pela agência de propaganda AlmapBBDO para a marca de azeite Gallo está gerando polêmica por suposto racismo. Ao divulgar a nova embalagem do produto, uma das peças da campanha traz o seguinte texto: “O nosso azeite é rico. O vidro escuro é o segurança.”

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) deve avaliar uma representação contra a campanha. Por outro lado, o Conar afirmou que “não tem essa informação” por enquanto.”Naturalmente o Código de Autorregulamentação Publicitária condena qualquer indicação de racismo na propaganda”, completou a assessoria do Conar ao ser procurada pela redação do site AdNews.

A AlmapBBDO, por sua vez, preferiu o silêncio. “Não vamos criar especulação em cima disso. Quando o caso for julgado a gente comenta”, disse a assessoria da agência.

A polêmica atravessou o Atlântico em ancorou em Portugal, onde a mídia local destacou o tema. Na terra onde se produz o azeite Gallo, o Diário de Notícias, de Lisboa, publicou a seguinte manchete: “Publicidade do Azeite Gallo acusada de racismo no Brasil”. Lá. Na terra dos nossos irmãos portugueses, a campanha tem chamada distinta: “O sol brilha para todos os azeites. Mas é só o nosso que não estraga”. O slogan faz referência ao Vidor escuro em que é embalado o produto

Politicamente correto

Casos que levantam polêmicas, como esta envolvendo o azeite Gallo, são comuns na propaganda brasileira. Em 2011, a modelo Gisele Bündchen foi alvo de ruidosa polêmica por causa da fabricante de lingerie Hope, que levou aos consumidores a campanha “Certo” e “Errado”.

Na campanha da Hope, a modelo ensinava às mulheres diferentes formas de comportamento para amenizar possíveis reações negativas dos maridos diante de incidentes do cotidiano. A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) não gostou e a então ministra Iriny Lopes (PT-ES), que deixou o cargo para disputar a prefeitura de Vitória, disse que o apelo “promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido”.

A campanha que ora está no olho do furacão pecou ao usar a vogal errada. Se no lugar de “o segurança” a agência tivesse utilizado “a segurança”, por certo a polêmica não existiria. Insinuar que todo segurança é negro é uma forma camuflada de racismo, por mais que no mundo dos chamados guarda-costas prevaleçam os afro-descendentes, pelo menos no Brasil. A comparação desnecessária que a campanha faz é semelhante ao pensamento de muitas autoridades, que entendem que todos os motociclistas são bandidos, apenas porque alguns marginais utilizam motocicletas para facilitar a fuga. Detalhes como esse podem colocar por terra décadas dedicadas à construção de uma marca mundialmente conhecida. (Com informações do AdNews)