Conversa fiada – Indicado para comandar o Ministério da Pesca e Aquicultura, em substituição ao deputado federal Luiz Sérgio de Oliveira (PT-RJ), o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse nesta quinta-feira (1) que precisará de um “intensivão” para entender os assuntos da pasta. “Vou dizer uma coisa com muita humildade: não sei colocar uma minhoca no anzol”, disse Crivella em entrevista à rádio Estadão ESPN.
A afirmação de Marcelo Crivella, mesmo que em tom de brincadeira, deixa claro dois pontos importantes e que merecem ser considerados. O primeiro deles é que a chegada de Crivella à Esplanada dos Ministérios anula o discurso de Dilma Rousseff, após a vitória nas urnas em 2010, que garantiu que adotaria critérios eminentemente técnicos para a composição de sua equipe ministerial. O que se percebe com as declarações do novo ministro é que se trata de um ilustre estranho no ninho da pesca.
O segundo ponto a ser considerado, mas negado pelo Palácio do Planalto e pelo próprio Crivella, é que sua indicação está relacionada com um eventual apoio da bancada evangélica à candidatura do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. Agora sem o apoio do prefeito Gilberto Kassab, o ex-ministro da Educação precisa de ajuda extra para fazer decolar seu projeto de chegar ao comando da maior cidade brasileira.
Enquanto esses dois pontos são abafados pelos palacianos, a indicação de Marcelo Crivella funcionará como mata-borrão para as declarações da ministra responsável pela Secretaria de Polícias para as Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira, que defende com exacerbada convicção a prática do aborto. Nesse caso, ou Menicucci adota o silêncio obsequioso, ou Crivella atuará como escudo da companheira de Esplanada.