Realidade econômica e pífia infraestrutura do País invalidam a tese de doutorado de Mercadante

Bola fora – A tese de doutorado do ministro Aloizio Mercadante, da Educação, “As bases do Novo Desenvolvimento no Brasil: análise do governo Lula (2003-2010)”, foi referendada pela Universidade de Campinas (Unicamp), mas baseou-se no conteúdo de um livro, o que já gera polêmica nos meios acadêmicos.

Desenvolvimentismo, de acordo com algumas definições, é a política econômica que tem o crescimento da produção industrial e da infraestrutura como principal alicerce, com participação ativa do Estado, como base da economia e o aumento do consumo como resultado final. No Brasil, o milagre desenvolvimentista que Mercadante tenta creditar ao ex-presidente Lula pode ser traduzido por algo que rotulamos como “bolha de virtuosismo”, pois tudo o que foi prometido em termos de avanço ficou na seara dos discursos.

A pífia situação da infraestrutura brasileira, um dos pilares da teoria desenvolvimentista, é o pano de fundo para a queda de braços entre o governo brasileiro e a direção da FIFA, que até o próximo mês de junho pode cancelar a realização da Copa do Mundo de 2014 sem a necessidade de pagamento de multa. Se Jerome Valcke abusou da deselegância ao criticar o atraso no cronograma das obras estruturais para a Copa, a tese de doutorado de Mercadante tenta colocar no Olimpo alguém que flanou na mitomania, neste caso o ex-metalúrgico Lula.

No que tange ao crescimento do consumo, isso só se deu a reboque do crédito fácil, do endividamento recorde das famílias brasileiras e da disparada da inadimplência. Dilma Rousseff chegou à presidência da República no vácuo da pirotecnia palaciana, que em 2010 teve como destaque o ingresso de 39 milhões de consumidores na chamada classe média. Endividados no longo prazo, é verdade, mas integrantes da maior classe social brasileira.

Para provar que o projeto de Lula foi fantasioso e a tese de doutorado de Aloizio Mercadante infundada, dados divulgados pela Serasa Experian na manhã desta segunda-feira (5) apontam que empresas de médio porte enfrentam problemas no começo deste ano. De acordo com a instituição, o número de falências requeridas por médias empresas cresceu 35,29% em fevereiro deste ano, em comparação com o mesmo mês de 2011. Em números absolutos, foram 46 pedidos registrados no segundo mês de 2012, contra 34 em fevereiro do ano passado.

Nos primeiros dois meses de 2012, em comparação com o primeiro bimestre de 2011, a alta foi de 16,6% – 77 requerimentos contra 66 no ano anterior. A luz vermelha acende para o número de falências decretadas. De acordo com os dados divulgados pela Serasa Experian, nove empresas tiveram falência decretada em fevereiro passado, alta de 350% em comparação com o mesmo mês de 2011, quando esse número foi de apenas uma decretação. O saldo do bimestre mostra que doze empresas já tiveram falência decretada, contra quanto no ano anterior, o que representa crescimento de 200%.

Para complicar ainda mais o cenário, o uso da valorização do Real frente ao dólar como ferramenta de controle da inflação impulsionou o movimento da desindustrialização, algo que tem merecido destaque no ucho.info desde 2005. A situação piora quando analisamos a enxurrada de produtos fabricados na China, que um dia mereceu de Lula a chancela de “economia de mercado”.

Considerando que a soberba de Lula e o seu atual estado de saúde impedem qualquer tipo de explicação sobre o tema, que Mercadante se apresse para detalhar como funciona esse desenvolvimentismo mambembe que embasou sua tese de doutorado.