Escravos de Jó – Temendo desdobramentos da rebelião encabeçada pelo PMDB, a presidente Dilma Rousseff deve promover duas novas mudanças no primeiro escalão do governo, o que deve acontecer em breve.
Comandado pelo secretário-executivo desde a saída do pedetista Carlos Lupi, o Ministério do Trabalho deve receber um novo ministro nas próximas horas. Pelo menos é o que se depreende da movimentação palaciana, pois na próxima quarta-feira (14) Dilma tem reunião agendada com representantes das principais centrais sindicais. Na pauta do encontro há diversos assuntos, como o fim do fator previdenciário, aumento para os aposentados e regulamentação das terceirizações, além da criação de um programa de proteção à defesa da indústria brasileira, que sofre com a desvalorização do dólar, por enquanto controlada, e concorrência desleal dos produtos importados.
Contudo, o principal assunto a ser tratado com os líderes sindicais é a nomeação do novo ministro do Trabalho, cujo nome normalmente passa pelo crivo dos representantes dos trabalhadores. A presidente Dilma Rousseff pensou, de chofre, em indicar o deputado federal Vieira da Cunha (PDT-RS) ao cargo, mas o grande número de gaúchos (7) na Esplanada dos Ministérios interrompeu o plano. Por conta dessa desistência, dois nomes são cogitados para assumir a pasta do Trabalho. O primeiro, com mais chances, é o do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), ferrenho cabo eleitoral de Dilma, em 2010.
Brizola Neto, que embarcou na fama política do avô, o ex-governador Leonel de Moura Brizola, para estrear na política, propôs ao Congresso Nacional, em 2010, uma homenagem ao líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o baderneiro João Pedro Stédile. Na ocasião, mesmo sob intenso protesto, Stédile foi condecorado com a Medalha do Mérito Legislativo por relevantes serviços prestados ao parlamento.
Outro nome que aparece na lista de Dilma Rousseff é o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Presidente da Força Sindical, o que lhe confere o pseudônimo de Paulinho da Força, o parlamentar-sindicalista não é o preferido da presidente, mas sua indicação poderia garantir apoio do PDT à candidatura do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, que, diga-se de passagem, com a ausência de Lula da Silva está fadada ao fracasso.
A segunda mudança na seara ministerial deve acontecer na pasta dos Transportes, que desde a costura política que garantiu apoio a Lula e também a Dilma tornou-se reduto do Partido da República. Atualmente sob a batuta de Paulo Sérgio Passos, ex-secretário-executivo que substituiu Alfredo Nascimento, o Ministério do Transporte deve ser entregue a alguém indicado pelo PR.
Com essas mudanças forçadas, Dilma Rousseff se afasta cada vez mais da promessa de dar caráter eminentemente técnico à equipe ministerial. Em outras palavras, a Esplanada dos Ministérios se transformou em um enorme e bisonho balcão de negócios.