Olhos fechados – É no mínimo constrangedora a situação do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, envolvido no escândalo da inoperante internet gratuita de João Pessoa e acusado de usar dinheiro público para custear tratamento médico no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um dos melhores do País.
Eleito deputado federal pelo capítulo paraibano do Partido Progressista, Aguinaldo Ribeiro chegou à liderança da legenda na Câmara no vácuo de manobra capitaneada pelos senadores Ciro Nogueira (PI) e Benedito de Lira (AL), que ejetou o então líder Nelson Meurer, do Paraná. Devidamente instalado na liderança do PP, Aguinaldo Ribeiro foi guindado à pasta das Cidades depois que parte da legenda promoveu a fritura do então ministro Mário Negromonte, deputado pelo PP da Bahia.
É necessário lembrar que Negromonte deixou o Ministério das Cidades sem qualquer comprovação das denúncias. Não se trata de proteger um e atacar outro, até porque o ucho.info não tem procuração para tal – e se tivesse também não faria – mas é preciso cobrar isonomia nas questões políticas.
Em ambas as operações os senadores que patrocinaram a intifada no PP contaram com o apoio do deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), conhecido nos bastidores como Dudu da Fonte. Segundo vice-presidente da Câmara, Dudu acumula o cargo de corregedor da Casa. Desde que chegou ao cargo, o deputado pernambucano tem se notabilizado por fazer vistas grossas aos escândalos envolvendo seus pares.
Fosse o Brasil um país com doses mínimas de seriedade, Aguinaldo Ribeiro já estaria afastado temporariamente do ministério, ao mesmo tempo em que Dudu da Fonte já teria ordenado a abertura de sindicância para apurar o comportamento inadequado do companheiro de legenda. É verdade que as transgressões cometidas por Aguinaldo ocorreram antes de assumir o mandato de deputado federal, mas é preciso que política nacional passe por uma assepsia profunda, sob pena de tornar-se cada vez mais desmoralizada.