Lula abusou ao explorar a própria doença, transformada à exaustão em acessório de palanque

Tudo pelo poder – Quando, em 2010, a revista Veja estampou na capa de uma de suas edições a manchete “A candidata e o câncer”, em referência ao linfoma que acometia a então ministra Dilma Rousseff, o ucho.info protestou com veemência contra a pequenez da publicação, que não soube respeitar um assunto complexo e pessoal da petista. De igual modo, meses mais tarde, este site deixou claro que se Dilma abusasse eleitoralmente da doença estaria permitindo comentários de toda ordem. E foi com base nessa tese que decidimos noticiar que o paciente que se recupera de um câncer linfático – Hodgkin ou não – jamais retoma o seu estado normal.

Usar problemas de saúde como plataforma política é a decisão mais sórdida que um homem público pode tomar, sem contar que sua credibilidade é arremessada ao rés do chão. Tal comentário serve para condenar a atitude de Luiz Inácio da Silva de explorar ao máximo o tratamento contra um câncer na laringe, que desde 2011 exigiu sessões de quimioterapia e radioterapia, além de internações para curar as reações adversas provocadas pelos procedimentos médico-hospitalares.

A fanfarrice que Lula imprimiu ao seu tratamento chegou às raias do absurdo. Até mesmo o ato de raspar o cabelo foi fotografado e divulgado à exaustão. Na quarta-feira (28), ao receber o resultado dos exames que apontaram a total regressão do tumor na laringe, o ex-metalúrgico não perdeu tempo e gravou um vídeo em que faz agradecimentos diversos. Diante de um câncer o paciente deve pensar de forma positiva, mas o momento é de introspecção e fé diante de um inimigo assustador, por mais inofensivo que possa ser.

O que Lula fez nos últimos meses foi deixar claro que seu objetivo é continuar mandando na política nacional, não importando quais ferramentas utilizará para alcançar seu objetivo. O pífio espetáculo protagonizado pelo ex-presidente não deve acabar tão cedo, pois seu candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, está empacado em míseros 3% de intenção de voto.

Esse tipo de artifício é típico de totalitaristas que chegaram ao poder a reboque de ditaduras civis, a exemplo do que acontece com a Venezuela do tiranete Hugo Chávez, que fez de um tratamento contra câncer na região pélvica uma minissérie sórdida e irresponsável. Para mostrar que a operação foi devidamente planejada, o tal vídeo foi distribuído aos principais veículos de comunicação do País e publicado no Youtube. Tomara que os brasileiros de bem percebam a tempo o malabarismo de Lula, pois uma coisa é torcer pela recuperação de um ser humano, outra é compactuar com capítulos ridículos de um enredo ditatorial.