Dilma manterá a pouca credibilidade do governo livrando-se o quanto antes de Ideli Salvatti

Olho da rua – A lambança do PT em muitos escândalos de corrupção começa a incomodar inclusive alguns petistas. Acostumado a abafar os imbróglios envolvendo os chamados “companheiros”, o PT ainda não assimilou a declaração do deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), ex-ministro da Pesca e da Aquicultura, que disse ter sido um “malfeito” a iniciativa da pasta de arrecadar junto a uma empresa contratada pelo governo dinheiro para o partido em Santa Catarina. O ex-ministro fez referência à Intech Boating, que vendeu, por R$ 31 milhões, 28 lanchas para o Ministério da Pesca, mas foi obrigado a doar R$ 150 mil ao PT catarinense, que financiou 80% da campanha de Ideli Salvatti, que em 2010 concorreu ao Palácio da Agronômica, sede do governo estadual.

Luiz Sérgio, que no começo do governo de Dilma Rousseff foi responsável pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, sucedeu Ideli no Ministério da Pesca, pasta que a petista recebeu como prêmio de consolação por ter garantido palanque ao partido em Santa Catarina. Luiz Sérgio disse em alto e bom som a um ministério não cabe arrecadar dinheiro para candidaturas ou partidos. O comentário sobre a gestão dos antecessores, também petistas, criou desconforto sobretudo porque Ideli Salvatti é coordenadora política do governo.

Como sempre acontece quando um companheiro se enrola em escândalo, o PT sai atirando. Líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto (SP) disse “que não há porque caracterizar como um malfeito, o ministério não pediu contribuição (para a campanha), foi o PT”. O líder petista reforçou sua fala evasiva e rasteira afirmando que “a doação é voluntária”. Se a presidente Dilma Rousseff não afastar Ideli do cargo, mesmo que temporariamente, a relação do governo com os partidos da base aliada continuará dependendo do “toma lá, dá cá”. Até porque, a rebelião patrocinada por boa parte dos aliados é resultado da conhecida incompetência de Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil.