O primeiro passo que Demóstenes Torres deverá tomar é se desligar do Democratas, uma vez que até a manhã de terça-feira (3) será impossível apresentar uma justificativa convincente à enxurrada de denúncias, sendo que muitas mais devem surgir. Se não deixar o partido por livre e espontânea vontade, repetindo o que fez o ex-governador Jose Roberto Arruda (DF), Demóstenes está fadado à expulsão.
Uma eventual renúncia ao mandato, que termina em 2019, não tirará de Demóstenes o foro privilegiado, que sai migra do âmbito federal para o estadual. Promotor licenciado, o senador retornaria ao quadro da ativa do Ministério Público de Goiás, o que lhe dará o direito de ser investigado pelo Tribunal de Justiça do Estado.
OAB extrapola
Presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante Júnior defendeu a imediata renúncia de Demóstenes, alegando que ao senador não resta alternativa. Como representante maior dos advogados brasileiros, Ophir Cavalcante deveria se limitar ao que determina a Constituição, que reza que todo cidadão será considerado inocente até o trânsito em julgado de sentença condenatória. Não se trata de defender Demóstenes, que transgrediu de forma injustificável, mas de exigir o cumprimento da lei, sob pena de o Brasil se transformar em um universo de aberrações jurídicas. Ademais, a renúncia é uma decisão pessoal e que deve ser acompanhada das devidas e necessárias análises preliminares.
O advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro, que por certo está inscrito na OAB, tem pensamento diferente do representante da classe e por isso defenderá o cliente até a última instância.
Como citado acima, a renúncia é o caminho mais lógico, pois Demóstenes Torres está liquidado politicamente, mas à OAB cabe, sim, exigir das autoridades o fiel cumprimento da lei, sem interpretações que atentem contra o Estado democrático de direito.