Ritmo da indústria continuará moderado, mas crise chinesa pode piorar o cenário

Bem devagar – A produção industrial avançou em sete dos quatorze locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês de fevereiro, em comparação com janeiro. A média nacional foi de alta de 1,3%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10).

Para o professor Samy Dana, da Escola de Economia da FGV-SP, o resultado é considerado moderado. “As medidas anunciadas pelo governo para incentivar a indústria começaram a ajudar, porém, os resultados não serão de uma hora para outra. É preciso investir em infraestrutura, fazer uma reforma tributária eficaz e incentivar a competição”.

O Pará foi o estado que teve a maior alta em fevereiro, 6,2%, quando comparado com o desempenho do industrial do mês anterior. Em contrapartida, o Paraná apresentou a maior queda (-7,7%) no mesmo período. “Vale ressaltar que o país não se desenvolve como um todo e São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais continuam sendo os estados que mais impactam na economia do país”, destaca Samy Dana.

Para os próximos meses, a tendência é que o crescimento industrial continue de forma moderada. “A produção industrial deve continuar com alta no patamar acima de 1%, mas sem chegar a 2%. Para ter um crescimento maior é preciso investir em velhos problemas como infraestrutura e educação”, finaliza Dana.

Efeito Muralha

Enquanto tenta extrair o máximo do pacote de medidas de incentivo ao setor, a indústria nacional está de olho no comportamento do mercado chinês, que por conta da inflação local diminuiu as importações, em especial de commodities. Isso significa que a enxurrada de produtos chineses no Brasil deve aumentar nos próximos meses. O atual momento da economia da China tem elevado o número de empresários brasileiros que procuram empresas chinesas para parcerias ou terceirização de produção.

Com o encolhimento do consumo na China, a economia mundial começa a sentir os primeiros reflexos desse movimento de retração, que é reforçado pela crise que chacoalha muitos países da União Europeia.