Dilma não combina discurso com assessores e fala em crescimento econômico sem inflação

Disco riscado – Há uma enorme dicotomia no núcleo do governo de Dilma Vana Rousseff. Nesta sexta-feira (13), durante evento na sede da Confederação Nacional da Indústria, em Brasília, a presidente afirmou que mantém o seu compromisso de “acabar com a pobreza” e “crescer de forma acelerada”. “É isso que significa aumentar a produtividade, termos de capacidade de crescer sem gerar inflação. País rico é país que é capaz de manter sua indústria crescendo, competitiva”, disse Dilma.

Crescimento sem inflação na situação em que encontra a economia brasileira nem mesmo em tese acadêmica. O discurso de Dilma acontece uma semana depois de o governo anunciar um pacote de medidas pontuais e quase inócuas para beneficiar a indústria, mas não será um punhado de bondades de ocasião que movimentarão a economia do País. Recuperar a competitividade do setor industrial depende de reformas profundas, que o governo não deseja fazer.

Enquanto Dilma discursava na CNI, a ministra Miriam Belchior, do Planejamento, afirmava sem medo de errar que o consumo interno garantirá o crescimento econômico. Miriam Belchior ousou arriscar e disse que em 2012 o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será de 4,5%, enquanto que em 2013 chegará a 5,5%. Analistas do mercado financeiro são menos otimistas e apostam em crescimento na casa dos 3%.

De acordo com Miriam Belchior, o aumento do salário mínimo em 2012 e as medidas de expansão do crédito e de incentivo à indústria acelerarão o crescimento da economia. Incentivo à demanda com oferta de crédito, sem a contrapartida da indústria local, obriga o País a importar ainda mais para evitar a disparada da inflação, como quer Dilma.

As autoridades do governo têm o péssimo costume de abusar do vocabulário difícil quando querem confundir, mas em economia, por mais esdrúxula que seja a tese, não existe mágica. O que prevalece sempre é a realidade do cotidiano, que, diga-se de passagem, está cada vez mais assustador. A inflação, medida regularmente, só não é maior porque as empresas adotaram a estratégia de reduzir a qualidade dos produtos e serviços como forma de manter o preço e a fatia de mercado.

No contraponto, acelerar a economia exige do governo investimentos em infraestrutura, algo que, longe de acontecer em sua plenitude, tem servido para rechear discursos e entupir com papeis as escrivaninhas oficiais.

O grande equívoco nessa história é que muitos acreditaram piamente na bolha de virtuosismo que Luiz Inácio da Silva vendeu ao mundo, mas que está prestes a estourar e despejar a dura realidade sobre os incautos. Por causa de apostas conceitualmente idênticas o mercado imobiliário dos Estados Unidos quase quebrou e levou de roldão bancos e financeiras. Quem viver verá!