Queda na geração de empregos no primeiro trimestre do ano invalida os planos mirabolantes do Planalto

Deu errado – O ufanismo e a pirotecnia que marcaram os oito anos da era de Luiz Inácio da Silva começam a desabar. O primeiro desmoronamento ocorreu com o retorno da inflação, temido fantasma da economia que tem dado mostras de resistência, que torna-se ainda mais evidente quando a constatação se dá fora do universo das pesquisas. A inflação brasileira ressuscitou no vácuo do consumismo que se estabeleceu a partir das benesses tributárias concedidas pelo governo federal como forma de evitar os efeitos da crise de 2008.

Por conta desse falso poder de compra que se instalou nas mãos dos brasileiros, 39 milhões de brasileiros ascenderam à classe média sem geração efetiva de riqueza, mas a bordo do crédito fácil e irresponsável.

Enquanto o Palácio do Planalto aposta no consumo interno para escapar do efeito colateral da crise econômica que atormenta a União Europeia, o Ministério do Trabalho joga água fria nas borbulhantes pretensões oficiais. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta segunda-feira (16), no primeiro trimestre de 2012 foram criados 442.608 empregos com carteira assinada, o que representa queda de 24,1% em comparação ao mesmo período do ano passado (+583.886 vagas formais). Trata-se do pior desempenho para o período em questão desde 2009, quando foram criados 57.751 empregos formais.

Esse desempenho no âmbito da geração de empregos manda por terra o projeto do governo de usar o mercado interno como antídoto para a crise e compromete as projeções superestimadas de crescimento econômico. Em algum momento o mercado de trabalho apresentará alguma reação positiva, mas é preciso estar atento ao perigo que representa esse movimento de gangorra na economia, pois, respeitando-se as devidas proporções, a crise do “suprime” norte-americano teve origem conceitualmente idêntica.