Atividade econômica cai novamente e perturba os palacianos que agora apostam na queda do juro

Descendo a ladeira – O nível de atividade econômica do País, divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central, registrou queda em fevereiro, na comparação com o mês anterior. Trata-se da segunda queda consecutiva e a maior desde outubro de 2011.

Indicador que antecipa o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-BR apresentou, em fevereiro, recuo dessazonalizado de 0,23%(140,20 pontos), na comparação com janeiro (140,53 pontos). Em dezembro do ano passado, o IBC-BR registrou 140,79 pontos.

No acumulado do primeiro bimestre deste ano, contra o mesmo período de 2011 (sem ajuste sazonal, comparação considerada mais apropriada por economistas), o BC apontou crescimento de 1,15% no IBC-Br.

A conjunção desses números oficiais explica o desespero das autoridades econômicas do governo, que nos últimos dias passaram a adotar discursos desbaratados na tentativa de camuflar a realidade. Durante evento na Confederação Nacional da Indústria, na última sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff falou em crescimento econômico sem inflação. Ou seja, a presidente coloca diante do microfone o sonho de consumo de muitos economistas ao redor do planeta.

Instantes após o discurso ufanista de Dilma, em outro ponto da Esplanada dos Ministérios o “non sense” era privilégio de Miriam Belchior, ministra do Planejamento. Aos jornalistas, a ministra garantiu que em 2012 a economia brasileira crescerá 4,5%, enquanto que o avanço econômico em 2013 será de 5,5%. No contraponto, os analistas financeiros e economistas apostam em crescimento de 3% para o PIB neste ano. Ou seja, há alguém faltando na verdade nessa guerra de números.

Em cidade colombiana de Cartagena das Índias, onde participou da fracassada Cúpula das Américas, Dilma repetiu o palavrório que destilou na Casa Branca, ao lado do colega Barack Obama. E a mandatária brasileira voltou a condenar o viés expansionista da política monetária dos países emergentes, em especial os da zona do euro. Trata-se de mais um discurso para camuflar a incompetência que marca a administração petista desde 2003, inaugurada por Lula da Silva.

Selic e inflação

Passo seguinte dado pelo Palácio do Planalto, depois do inócuo pacote de incentivo ao setor industrial, foi acenar para o Banco Central e mostrar a necessidade de nova redução da taxa básica de juro, a Selic. Reunido a partir desta segunda-feira, o Comitê de Polícia Monetária do Banco Central (Copom) deve anunciar na próxima quarta um novo corte na Selic. De acordo com o professor Rogério Mori, da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-EESP), “a Selic deve cair 0,5 p.p nesta reunião do Copom por conta da atividade econômica ainda relativamente fraca e da queda da inflação recente”.

Longe de querer desafiar o conhecimento e a competência do professor Mori, a inflação real é diferente da anunciada pelas pesquisas oficiais. E só não é maior quando analisados a evolução de preços de alguns produtos porque os fabricantes estão apostando na redução quase imperceptível da qualidade. O melhor exemplo para contestar a tese de que a inflação está em queda é a qualidade do papel higiênico. Pode parecer um chiste citar o papel higiênico em assunto tão sério, mas é que tal produto tem sofrido ao longo dos anos constantes quedas de qualidade. Consultados pelo ucho.info, inúmeros leitores concordaram, sem titubear, com o uso do papel higiênico como ponto de comparação.

A pressão exercida pelo Palácio do Planalto sobre os bancos para que reduzam as taxas de juro cobradas na ponta, em nada adianta, pois poucos são os consumidores que, após mergulharem no endividamento e na inadimplência, ousam contrair novos empréstimos ou financiamentos. Se a concessão de crédito deslanchar, como querem os palacianos, segurar a inflação será uma missão impossível. Enquanto isso, Dilma e seus colaboradores ignoram a necessidade de reformas fiscal e tributária, além de transformar em realidade os investimentos que recheiam as promessas dos políticos.