Sem alternativa, palacianos acompanham o pedido de criação da CPI do Cachoeira fazendo figa

Cruzando os dedos – Entre o pedido de criação da “CPI do Cachoeira” e algum resultado prático que decifre os tentáculos do contraventor goiano Carlos Augusto Ramos que avançam sobre as searas política e empresarial há uma enorme distância. Por não ter saída, o Palácio do Planalto preferiu desistir da manobra que vinha imprimindo para sufocar a CPI, quem sabe para inviabilizar sua instalação.

Diante do insucesso, os palacianos partirão para determinar quais parlamentares da base aliada participarão da Comissão que investigará a teia de contatos de Carlinhos Cachoeira, cuja primeira e destacada vítima é o senador Demóstenes Torres, cuja situação complica-se a cada dia.

A presidente Dilma Rousseff sabia o que estava fazendo quando pediu calma ao PT em relação ao tema, depois de declaração absurda do presidente da legenda, Rui Falcão, que defendeu a criação imediata da CPI como forma de desvendar os crimes de Cachoeira e provar que o mensalão foi uma farsa. Acontece que no rol de doações financeiras de Cachoeira há uma série de políticos e autoridades, inclusive petistas, o que pode fazer com que a CPI ande de lado durante bom tempo. Nessa lista estaria uma doação no valor de R$ 1 milhão à campanha de Luiz Inácio da Silva.

Como se sabe, a proximidade entre o PT e Carlinhos Cachoeira deixou de ser novidade por ocasião do escândalo protagonizado por Waldomiro Diniz, então assessor de José Dirceu na Casa Civil, durante o primeiro governo do ex-metalúrgico. Por outro lado, a intimidade dos petistas com a jogatina também não é fato novo. Há anos, bingueiros angolanos despejaram dinheiro em campanhas de candidatos do partido, sendo que um dos sócios dos empresários da jogatina cedeu alguns automóveis à cúpula da legenda.

Quem pode confirmar essa relação próxima entre o PT e a jogatina é empresário Roberto Carlos Kurzweil, que foi sócio dos angolanos Artur José Valente de Oliveira Caio e José Paulo Teixeira Cruz Figueiredo, o Vadinho. Uma das empresas de Kurzweil, a Locablin, tinha listado em seu imobilizado o Chevrolet Ômega que foi cedido ao mensaleiro Delúbio Soares, após ter sido ejetado da tesouraria do PT. A mesma Locablin locou, antes disso, três outros carros – dois Ômegas e um Passat alemão – usados na campanha petista de 2002. Em depoimento à CPI dos Bingos, Kurzweil disse sem titubear: “O Lula, o Palocci e o Dirceu andaram em carros alugados por minha empresa na campanha”.