Alckmin deve explicações sobre prisão arbitrária de transeunte que contemplava manifestação

Abuso de poder – Em várias capitais do Brasil as manifestações contra a corrupção ganharam as ruas no último sábado, 21 de abril. Como citado na edição do DIRETO DA CORTE (você ouve no player localizado na coluna da esquerda na página principal) desta segunda-feira (23), o número de participantes foi pequeno se considerarmos a extensão do problema. O brasileiro precisa se engajar com afinco nessa luta necessária e hercúlea, sob pena de o Brasil se transformar em reduto de uma minoria criminosa.

Mesmo com a baixa participação, a marcha contra a corrupção é um começo que deve ser respeitado. Na Avenida Paulista, centro financeiro do País e principal via da cidade de São Paulo, a manifestação ganhou contorno policialesco por conta de baderneiros que resolveram prejudicar o protesto. Até mesmo quem passava pelo local acabou sendo intimidado pela Polícia Militar, que foi obrigada a conter o destempero de alguns com o uso de balas de borracha e bombas de gás.

Se à PM cabe manter a ordem, a ela também cabe a obrigação de distinguir baderneiros de pessoas de bem. Em uma manifestação com aproximadamente 3 mil pessoas é possível decifrar quem protesta contra a corrupção e quem deseja instalar a baderna. O ator Pedro Urizzi, que passava a pé pelo local, foi agredido, ofendido e preso por policiais militares. A caminho de um jantar na casa de amigos, Urizzi acabou detido, com direito a algemas, apenas porque alertou a PM sobre a presença de crianças na manifestação, uma vez que policiais caminhavam em direção ao grupo com o intuito de arremessar bombas de gás lacrimogêneo.

O governador Geraldo Alckmin, que como comandante maior da Polícia Militar pode ser processado, deve desculpas ao agredido e explicações à sociedade, sob pena de, ao não fazê-lo, comprometer ainda mais a imagem de um governo que vem perdendo de forma sucessiva a guerra contra o crime organizado. Prender um inocente que tentou proteger crianças é muito fácil para quem não consegue acabar com arrastões em restaurantes e condomínios, roubos a caixas eletrônicos e as chamadas “saidinhas de banco”. Com a palavra, o governador Geraldo Alckmin!