Insegurança pública em SP inviabiliza empreendimentos imobiliários de luxo em alguns bairros

Mãos ao alto – Quando a incompetência do Estado começa a interferir no desempenho da iniciativa privada é porque há algo de errado no modelo de gestão pública. Não se trata da alta e covarde carga tributária, mas da inexistência criminosa da contrapartida que os impostos deveriam proporcionar a todos os cidadãos.

Entre as garantias do cidadão que a Constituição Federal tão bem expõe, o direito à segurança pública é uma delas. Porém, o assunto que mais tem espaço no noticiário nacional é a escalada da criminalidade e a onda de temor que toma conta de muitas cidades brasileiras.

Em São Paulo, maior e mais importante cidade do País, os arrastões pululam pelos quatro cantos. Enquanto o Estado assiste à constante mutação do crime organizado, empresas de segurança privada têm faturado como nunca. O mais interessante é que os proprietários dessas empresas, oficial ou oficiosamente, são agentes públicos que deveriam garantir segurança ao cidadão.

Como se não bastasse essa dicotomia do Estado, na capital paulista alguns empreendimentos imobiliários tornaram-se verdadeiros “micos” por causa da insegurança que impera em alguns bairros. No Morumbi, na Zona Sul da cidade, por exemplo, um empreendimento de luxo, com doze apartamentos com mais de 1,2 mil metros quadrados cada, apenas sete das unidades foram vendidas desde o lançamento, em 2009.

Apelidado de “elefante branco”, o edifício espanta os interessados por causa do trânsito, diz um executivo da construtora, mas o que afugenta eventuais compradores é a onda de crimes praticados em um bairro que no passado era sinônimo de poder e sossego.

Dois leitores do ucho.info, proprietários de imóveis no Morumbi, distante algumas quaras do Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista e residência oficial do governador, fecharam suas casas e foram morar em apartamentos alugados e em outro local. Quando o direito à propriedade é ameaçado pela insegurança, algo precisa ser mudado em favor da sociedade.

Enquanto o governo paulista borrifa resultados de pesquisas sobre a segurança pública, os bandidos fazem a festa e aterrorizam os contribuintes. Há algo errado nessa relação entre o Estado e o cidadão.